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Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Ter | 10.02.09

E depois de levantada a lebre

Fátima Bento

(Este post, surge na sequência do texto publicado no anterior, e que gerou um comentário que me fez divagar à volta de uma realidade que me fez lembrar um filme que já esteve em exibição neste blogue. Como pode ser lido na minha resposta ao comentério em questão - e para perceberem têm mesmo de recuar um post e ir aos comentários...- não é nada de pessoal ou particular).

 

E pronto, já não se pode falar em escola, em alunos, canudo, sem que volte tudo aos professores, às greves dos professores aos direitos dos professores, e o diabo a quatro.

 

Chiça, já em Dezembro de 2007 houve um desaguisado aqui sobre o assunto.

 

Quem não se lembra, pode começar por vir aqui ao post "educa...quê?" e não passar sem ler os comentários, e seguir para o post seguinte, "disparates à pazada de quem não sabe fazer os trabalhos de casa" - mais uma vez, lendo os comentários.

 

Tudo isto só para dizer que o tema já foi exaustivamente debatido, e que 14 meses depois ainda anda tudo à batatada em nome já não se percebe bem de quê, já que o motivo original foi-se perdendo em meio às guerras que se foram criando em torno deste assunto, e só me apetece dizer - Mas quando é que o Sr. Mário Nogueira se vai dar por satisfeito?

 

 

Já nem sonho em voltar à "normalidade de outros tempos", dos primeiros anos do básico dos meus filhos, porque no meio de tanta agitação, já ninguém se lembra de como era levar o papel de professor para fora da sala de aula (é claro que continuo a levar em consideração os que assim não agem...), e quem esqueceu já não vai recordar, porque, nesse sentido, as coisas ficaram mais fáceis assim, e venha lá quem quiser dizer o contrário!!!!

 

Amiga, eu acredito que sejas a educadora de Infância dedicada que és, só que não é o teu papel substituir-te aos pais, e não é isso que deve jamais ser pedido, quanto mais exigido aos profissionais da educação deste país. Os pais não podem nunca demitir-se do seu  papel, e despejar as crianças no portão e esperar que saiam de lá educadas "ou tanto faz".

 

A responsabilidade desse aluno do 2º ciclo NÃO PODE NUNCA SER IMPUTADA A UMA CRIANÇA DE 7 ANOS, pois se até a lei a proteje!

 

  1. Em primeiro lugar, onde estava o/a auxiliar de acção educativa que deveria previnir que um aluno se fosse intrometer numa aula que não é a sua?
  2. Em segundo lugar, existe registo da situação familiar do menor (não oficial, só "umas luzes") para perceber em que contexto familiar este se insere? Se assim é, foi analisado?
  3. O Encarregado de Educação foi chamado à escola? Se não compareceu, foi por uma razão válida, ou uma desculpa "esfarrapada"?

Depois desta "análise", das duas três:

  • ou a criança faz parte de uma familia interessada, que funciona tanto como célula, como com a escola quando lhe é solicitado - e se não tiver comparecido terá uma excelente razão,
  • ou é uma familia desinteressada, que tanto faz, que quando vai à escola é obrigada, e não se coíbe de usar a linguagem que eles repetem depois no seu dia a dia: a violência, fisica e/ou verbal.
  • ou, o terceiro caso: que é uma familia em que ambos os pais trabalham o mais que podem, com salários miseráveis que tentam esticar através de horas extraordinárias infinitas, e que saem de casa a empurrar crianças meio adormecidas porta fora, e que chegam do trabalho para encontrarem crianças já adormecidas.

 

Tempo para conviver, ensinar a viver, a amar, a comportar-se, a agir correctamente?

 

O primeiro caso, que é geralmente o dos bons alunos, tem-no, e fá-lo.

 

O segundo caso quer é "que não me chateiem" e são os meninos dessas familias que acabam por dar mais trabalho, porque querem, fazem tudo por atenção (carinho, ainda que arrevezado, eles aceitam tudo, passadas as primeiras barreiras). São o maior desafio, porque a sua "lingua materna" não é aceite pela sociedade, que pune e muito bem, a violência em qualquer das suas formas.

 

O terceiro caso, funde-se com o grupo que o aceita, a maior parte das vezes o segundo, e imita-lhe o comportamento.

 

E é aqui que o professor, educador, quem esteja em contacto com estas crianças, deveria puxar dos valores morais e de cidadania, e tentar ajudar de alguma forma mesmo quem (parece) não querer ser ajudado.

 

Mais de que casos dificeis, existem de facto, casos perdidos à partida. Deveria haver uma interligação entre a Escola, a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, o Sistema Judicial, que deveria punir os pais, neste caso, responsáveis pelos educandos até que estes completem a escolaridade obrigatória (se deixarem a escola) ou até aos 15 anos (no mesmo caso)*. Estes pais deveriam ser obrigados, pelo sistema judicial, a frequentar um conjunto de palestras ao estilo de "escola de pais", para aprenderem aquilo que ainda não atingiram. As vezes que fossem precisas - só que isto obrigaria à criação de uma rede coerente e adequadamente sustentada de "Escolas de Pais", para fazer cumprir a sentença...

 

Falta, no entanto essa coordenação, e foi nesse sentido que trabalhei durante um pouco mais de 2 anos, num projecto que acabou por ser substituíido por outros mais politícamente oportunos.

 

Espero ter deixado o que penso, de alguma forma, clara... mas desconfio que amanhã quando ligar o PC tenho um razoável numero de comentários menos agradáveis...

 

Enfim, é o país e a (des)educação que temos...

 

Fátima

* no caso dos alunos que continuam no sistema escolar além da escolaridade obrigatória, a obrigação legal por parte do encarregado de esducação estende-se à maioridade, i.e. 18 anos - tal como nos restantes casos, fora da escola.

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