Eis-me chegada a casa, sábado (já domingo), hoje mais cedo de que o costume,  cheguei a casa à meia noite, espero não me ter esquecido de nada, acho que não, desliguei e lavei a leiteira, desliguei o moínho, descarrreguei a àgua da máquina da loiça e desliguei-a no botão, check, o forno e a estufa limpas, check, os folares de hoje dentro do forno, check, saco novo para as borras, borras no lixo, check, não, não esvaziei os caixotes do lixo á volta do balcão, não, não limpei as casas de banho, sim, limpei os manipulos da máquina de café, check, limpei a tubagem da máquina das bicas, check, retirei e lavei o tabuleiro e a grelha, check. O chão ficou limpo e lavado, check, mas os tampos das mesas não, não lhes passei um pano húmido.

E estou de folga.

Estou de folga porque o meu patrão achou fantástico eu ter o domingo de Pascoa de folga, porque afinal eu sou a sua melhor funcionária, e "vá descansar porque é pascoa". Mas vou descansar de telemóvel ligado, porque posso ter de ir amanhã trabalhar, na mesma, embora menos horas, porque a colega que estava a fazer o part-time da tarde e as folgas hoje faltou sem avisar, e quem vai lá estar sózinho é ele... e quando eu digo estava, digo-o porque falhas na caixa já houveram duas ou três, uma delas digna de registo, e agora esta falha, ele diz que não volta.

Estou de folga e vou almoçar na minha sogra, para depois vir para casa e tentar fazer alguma coisa deste caos.

Admito, não sou uma pessoa como as outras.

Comecei a trabalhar de repente e a casa está como estava há dois meses atrás, com a agravante de que foi, naturalmente, piorando, e eu nem sei como é que me tenho conseguido vestir para ir trabalhar em meio a esta confusão...

Hoje foi o dia do: mãe falta arroz, guardanapos, e eu acrescentei leite, papel higienico, iogurtes, activador de detergente, manteiga, e o Vitor juntou-lhe refeições pré-preparadas, para levar para o trabalho. Linha de caixas, caixa, paga com três dias de trabalho. Meia dúzia de m**dinhas, 3 dias de trabalho - sim, que eu recebo ao dia,,, Isto, às 14 horas, e ainda fui à farmácia, tendo entrado às três no trabalho.

Amanhã, vai ser: preciso de meias, boxers, mãe tira-me as t-shirts das caixas, Fátima, lava-me camisas e calças, já ando com estas há X tempo (há tanta roupa para lavar!) preciso de procurar e lavar a minha roupa para usar no trabalho, e o Tomás precisa de roupa para vestir, a única que está equilibrada é a super Inês, meu 2º braço direito, a confecionadora de jantares para os três, sim, que eu já nem conto, sirvo para dar instruções sobre o que vai ser o jantar, como se confecciona, para perguntarem pela roupa, para pedirem dinheiro, para comprar comida... e pronto.

Tou assim naquele limbo: se largo o trabalho fico KO logo seguido de XÓNÉ. Se continuo no trabalho, fico assim quase sem nada: venho cansada, acordo tarde (também por fuga), vou tomar café, comprar qualquer coisa que faz falta e ZUT, está na hora de ir para o trabalho. Não leio um livro - nem uma revista! - vai para muito além dos 3 quinze dias, não vejo televisão, não vou ao cinema, nem vejo o cinema que está, em doses maciças, no HP.

NADA.

E fico zangada, mesmo muito zangada, quando às 23 h ele entra no café e eu digo "estou tão cansada (desde as tres que não me sento)" e ele responde "tu estás sempre cansada, o que é que há de novo?"

Estou cansada. Fisicamente, do trabalho, fisica e emocionalmente - com especial incidência na segunda - do resto. No meio disto tudo devia haver um "santuário", em que ME sentisse em paz... mas não. Pelo menos não nesta vida...