No buraco...
Apetece-me pôr um parêntesis no fim de semana. Todo. E saltar da sexta para a segunda-feira. Não que isso mudasse muita coisa, ou fizesse uma grande diferença... os dias de segunda a sexta também são completamente iguais, uma corrida aparvalhada numa passadeira que aumenta a velocidade em proporção directa ao cansaço que sinto. Chego ao fim-de-semana exausta, de cabeça perdida e nada preparada para os dois dias de stress total que se seguem ( em que todos reclamam o que ninguém fez nos cinco dias anteriores). Tudo o que (não) se fez durante a semana se reflecte e agiganta nesses dois dias. Toda a "ajuda" que pedi e não tive descalabra na evidência de tudo o que não está feito e devia ter sido. E eis senão quando me dão ataques de "formiga-electrica-culpada", e me atiro à cozinha - maldita cozinha, sempre caótica - como se daí dependesse a minha vida. E depois fico a cair para o lado. Ou não. Mas invariávelmente, quando volto a entrar na cozinha, o caos reinstalou-se, nas embalagens de yogurte que não deitaram para o lixo, nos restos de comida nos pratos que ninguém limpou, na loiça que ninguém lavou. E encolhou os ombros de cansaço, apago a luz, encosto a porta e viro costas... já nem consigo ter vontade de tentar...
O erro estará provávelmente no facto de não haverem tarefas pré-distribuídas ( que, óbviamente, e conhecendo a rês "da casa", não seriam feitas ), e toda a gente achar que fazer alguma coisa é estar a "ajudar" a mãe, em vez de acharem que estão a cumprir o seu papel, a apertar a porca e o parafuso que lhes cabe nesta engrenagem.
Habitualmente acho que o tempo passa tão depressa, que é um desperdicio gastar dois dias em zangas, ameaças, amuos e ralhos... e já o disse várias vezes, porque a vida passa a correr, e quando olhamos para trás queremos agarrar o fumo que deixámos escapar enquanto o não era... mas agora, não estou nem aí. Quero lá saber de aproveitar e esticar o tempo que vai ser sempre igual e que vai continuar a deixar atrás de si um rasto de frustração...
No fundo da minha pessoa "pollitica e emocionalmente correcta", que se fixa nas coisas boas, "conta as bençãos"e finge não ver as coisas menos boas, e que vê sempre a balança a pender para o positivo e o copo SEMPRE meio cheio, continua a achar que umas horas fechada no quarto comos olhos rasos de àgua por dentro e uma dor de cabeça de bradar aos céus, é uma GRANDE perda de tempo. Mas estou farta de me sentir Atlas com o mundo ás costas, que além de ser responsável pelos males de todos, ainda tem a obrigação de pintar o mundo de cor de rosa ( e é mais fácil se pintar primeiro as lentes dos óculos que uso...) e ainda aligeirar as cargas menores dos que me rodeiam.
Estou demasiado cansada.
Só quero que o fim de semana acabe depressa.
(para depois começar tudo outra vez...)
Angel