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Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Dom | 31.12.06

Happy New Year!!

Fátima Bento

Está na hora.

 

Não vou falar na morte de Saddam, não vou dizer que sou contra a pena de morte, e que a prisão perpétua sem hipóteses de quaisquer benesses seria a minha ‘escolha acertada‘, já que enforcá-lo foi descer (quase) à sua altura .

 

Está na hora.

 

De olhar para trás e fazer o balanço do ano.

 

(feliz ou infelizmente estou a escrever de um ‘putador que não está ligado à net, por isso não consigo ir ver balanços anteriores. Mas isso agora também não interessa nada…)

 

Pois é.

 

Com ajuda de uma balança das antigas, daquelas que simbolizam o meu signo - o melhor do Zodíaco, claro está! - e pondo num prato o positivo e o no outro o menos positivo (ah-ah, estava tudo a ver se eu escorregava, mas não, meus queridos, para mim o copo está sempre meio cheio!):

 

2006 foi UM G’ANDA ANO! 

 

Foi um ano de semear e cuja colheita irei fazendo ao longo não do próximo, mas dos próximos anos. Concretizei sonhos, cumpri desejos, ultrapassei as minhas expectativas em tanta coisa… E fui desiludida por pessoas que estimava, e ganhei amigos com A’s maiúsculos, assim, de supetão e surpresa. Ri, e finalmente, aprendi a chorar. O raio das lágrimas ficavam sempre presas na garganta, caneco, e eu ali engasgada, até que, com maior ou menor celeridade, a coisa finalmente descia na garganta… e “prontos”.

 

Agora, ‘believe you me’, é um prazer senti-las a descer face abaixo a caminho do canto dos lábios, ou do pescoço, (ou da orelha, quando estou deitada) ummmm… é uma delicia, adiada durante (quase) uma vida.

 

Agora 2007, aí mesmo ao virar da esquina, já a cheirar a novo, como aqueles livros recém comprados no momento em que os abrimos pela primeira vez, esse ano, meus queridos, cabe-nos a todos fazer GRANDE.

 

Se não olharmos para o lado quando cheiramos a solidão do vizinho do 4º Fte., se dermos um beijinho repenicado na velhota que apanha sol na rua onde passamos todos os dias para tomar café, se não encolhemos os ombros quando vemos uma criança ser esbofeteada em pleno supermercado, prato temperado com verborreia daquela que fica gravada a fogo na memória mais recôndita… se não calarmos os gritos da/do vizinha/o agredido que toda a gente sabe e engole, que isto de denunciar ainda lembra o antigo regime e a Pide aos “mais antigos“, e aos menos, apela ao comodismo militante…

 

Não podemos de facto prevenir os aumentos de TUDO (fogo, ou sou eu, ou este ano, é mesmo um fartote!) Nem combater o aumento de 1,5 % da função pública ( ah, já notaram, num ordenado de €1000, a criatura fica a ganhar mais €15. Agora se tiver dois menores a cargo que necessitem de passe, mais o do próprio, O RAIO DO AUMENTO NÃO DÁ PARA A DIFERENÇA!!!!!!)

 

Este país transformou-se num circo, somos todos, com vontade ou sem ela, ursos, camelos e palhaços. E aos magotes!

 

Enfim, não quero fechar com uma nota depressiva; a vida é o que a deixamos ser.

 

Mas não vale pensar muito nisso: já disse John Lennon: “a vida é o que acontece enquanto fazemos planos…”

 

Feliz Ano Novo com tudo de bom!

 

Até p’ó ano!

 

B’jinhos com passinhas e Asti,

 

Fátima

P.S. Tenho uma curiosidade: o contador do blogue mexe. Umas vezes mais e outras menos, mas vai mexendo. Como os clicks feitos deste computador não contam, isso quererá dizer que tenho gente que me lê.

Então expliquemm lá:

  • porque é que não me deixam comentários/postas de pescada?
  • porque é que não recebi 1 (unzinho só que fosse) voto de Feliz Natal, ou de Bom Ano Novo?

E já agora, não tendo a ver com vocês, há por aí, por acaso, teorias de porque é que eu enviei duzias de ecards de Natal, outros tantos de Happy New Year, e respostas, népia?

Fogo!!!

Qualquer dia viro ermita.! Ou 'tou a precisar de amigos novos ou não percebo (mesmo) nada disto!

Mais uma vez boas entradas e até p'ó ano!!

Seg | 25.12.06

É Natal!!!!

Fátima Bento

                                    

Eu hoje não vou ser irónica.

Eu hoje não vou criticar ninguém, nem nenhuma ideia (por mais ranhosa que seja).

Eu hoje não me vou queixar ( também não é muito costumeiro, pois não?)

E nem é porque tenho que me portar bem senão o Pai Natal não me dá presentes: hoje é 25, por isso, já deu.

Posso contar que o Natal foi fantástico, que houveram risos, sorrisos e lágrimas de alegria. Que me fartei de comer... salada de frutas ( vá-se lá saber porquê...) e que a minha casa 'inda tresanda ás rabanadas que fritei ontem.

Mas fundamentalmente o que me leva a escrever agora, entre a casa da sogra de onde vim e a casa da mana para onde vou daqui a pouco, é desejar de todo o coração que o vosso Natal tenha sido mágico, e desejar tudo de bom a todos.

 

Boas festas, gente!!!!

 

B'jinhos com lacinhos ao som de jingle bells,

 

Fátima

Ter | 19.12.06

A invasão veste de vermelho…

Fátima Bento

 

Até há bem pouco tempo atrás, era vê-las: verdes e vermelhas, exibiam as quinas em tudo quanto era janela e varanda deste país (pois, não me estou a esquecer dos automóveis, e tal, mas pela sequencia vão perceber porque não entram na equação…). Não havia cão nem gato que não enaltecesse a selecção e empunhasse bravamente o símbolo do orgulho nacional. Devemos tal devoção a um brasileiro que conseguiu mais em meia dúzia de meses de que os políticos nacionais em 32 anos - mas também, vão lá perguntar a uma criancinha o que simboliza a bandeira, que levam com um “é da selecção” que ficam abananados 3 dias. Ah pois é…

 

 

Mas isto vem a propósito de, de repente, as bandeiras terem desaparecido das varandas e janelas do nosso país, assim, da noite para o dia. E no seu lugar ainda quente, podem agora ver-se… Pais Natal. Aos magotes, haja pachorra para tanto bonequinho pendurado, de cordas, escadas, o diabo a sete. Eu tenho cá para mim que se olharmos os gajinhos de perto, olho no olho, a maioria tem os ditos em bico, e não pronunciaria os ‘L’ nem que pudesse falar.

 

Aaaarghhh!!!!!

 

Hoje quando ia trabalhar, pus-me a olhar para as janelas -só - do meu lado direito, e 2 km depois já estava tonta e levemente nauseada. Oh bando de carneiros, que só sabe pensar e agir e rebanho! País pobre em ideias este, hein?!

 

Pois, argumentarão alguns, mas se calhar têm criancinhas em casa que pedem e insistem, e como os anormaizitos de vermelho e de olhos rasgados até são a €5 a dúzia (digo eu, que graças a deus não faço a mínima ideia), então ‘buga lá fazer a vontade à criancinha, enquanto lhe damos uma lição de ‘carneirisse militante’. Boa!

 

E o argumento das criancinhas cai por terra num país em que a taxa de natalidade é a vergonha que se sabe. Palavra de honra, não há tantas crianças como pais Natal nas janelas, senão este ano ainda nos habilitamos a levar o prémio de garanhões mais prolíferos da Europa!

 

Irra!

 

Eu também tenho duas criancinhas cá em casa (toda a gente sabe, mas é só para vincar um ponto), e, p’a minha rica saúde, juro que se pedissem, e depois do logicamente incontornável “NÃO”, tivessem a lata, o descaramento e a pouca vergonha de insistir, eu saía de casa directo para uma loja chinesa e comprava não um, mas DOIS fatos de Pai Natal, uma corda grossa, vestia-os e pendurava-os na janela (não se arrepiem, eu moro num primeiro andar…), mal por mal, sempre ganhávamos em originalidade.

 

Abaixo os pais natal nas janelas! Se a ideia era promover o espírito natalício, ‘tá mesmo a sair o tiro pela culatra… a gente até chora por 6 de Janeiro, para ver os gajinhos a desaparecer! Mas eu já pensei: e se… e se o diacho dos anões seguem o principio das bandeiras e só saem de lá quando caírem de podres?

 

Bom, gente, se assim for, vou seriamente pensar em mudar de país.

 

Pela minha rica saúde se não vou!

 

Irra!

 

 

Beijinhos com lacinhos,

 

Fátima

Seg | 18.12.06

A decisão do ano...

Fátima Bento

E como eu dizia dois posts atrás, tenho ganho muito com as minhas ‘paragens’ a médio e longo prazo. Um exemplo? Bom, este não é um exemplo, é O exemplo por excelência: congelei a minha matricula no Ispa na passada segunda feira ( pois, até parece que isto anda desfazadito, mas a verdade é que eu tenho andado a marinar  tema desde que tomei a decisão, e posteriormente a efectivei).

 

Sabem o que a minha avó me dizia - e a vossa mãezinha ou avozinha também tenho a certeza - a respeito de deixar sempre a casa arrumada antes de ir de viagem? Sabes como sais de casa mas não sabes quando entras… e eu ripostava sempre que horror, coisa mais macabra, vá de retro… Pois é, a minha avó tinha razão: e a verdade é que nesta viagem eu entrei de cabeça, e não pensei em “arrumar a casa”.

 

(vou fazer aqui um parêntesis: a minha ida para a faculdade não foi realmente planeada: quando me informei sobre as candidaturas elas estavam não só a decorrerem como quase a terminar, vai daí eu candidatei-me, e 18 dias depois estava no Ensino Superior… Digamos que entre a euforia do “ENTREEEI!!!!”, as férias da família, o regresso às aulas dos putos, o meu inicio de aulas, e a ida e vinda a Paris, não houve realmente tempo de “arrumar a casa”…)

 

E para ajudar à festa, tantos anos depois de ter hábitos de estudo organizado, levo com o implemento de Bolonha, a ferro e fogo sem anestesia, ’bora comprimir cinco anos em três, não sabemos bem como mas ‘buga lá experimentar… como eu disse a uma fantástica professora minha, o que vemos nos corredores não são alunos: são ratinhos brancos, a maior parte de olhos vermelhos.

 

E depois, a família: devotei qualquer coisa como dezasseis anos da minha vida aos meus filhos, não era possível virar costas e sair porta fora de manhã para a abrir ao fim do dia sem sucumbir ao caos físico e emocional de todos (eu inclusive), e à falta de paciência para ouvir os dramas e vitórias de todos os dias… mainly devido a tudo o que havia para arrumar, organizar e planear, mas que à falta de saber por onde começar, amontoava e formava uma bola de neve que, à conta de não ser travada, nos ia arrastar a todos.

 

Juntem a isto um senhor chamado Paul Ricoeur, e têm o quadro (tão) completo (quanto possível).

 

Depois de três ou quatro dias a remoer, com a cabeça a cem à hora e o coração quase parado, à espera de abarcar o quadro todo, tinha de tomar uma decisão. Foi quando me ouvi dizer quem me dera poder voltar atrás e começar tudo outra vez que, SNAP, me apercebi de que isso era possível. E de que, ter a licenciatura aos 42, 43 ou 44 anos, seria exactamente igual.

 

No rescaldo, poupei uma hiper dose de loucura colectiva aquando das frequências de final de Janeiro, e, eventualmente, uma pipa de massa de propinas…

 

E ganhei uns meses para arrumar a casa, para em Setembro não entrarmos em parafuso outra vez.

 

No balanço final, a verdade é que valeu mesmo a pena desacelerar.

Beijinhos com lacinhos,

Fátima

Dom | 17.12.06

Aprovado com distinção

Fátima Bento

           

Fui ao cinema. A dois, sem pipocas. Isto já na passada Terça-feira, mas não consegui ‘postar’ sobre o assunto antes. Aqui a menina queria ir ver o Borat, mas o marido repetia com ar doente - pois, podes crer, os sacrifícios que eu faço por ti, só espero que dês valor, com ar de Dama das Camélias, e um vincadíssimo sentido dramático, tudo temperado com uns olhos de cachorro sem dono… bom, de derreter as pedras da calçada. E funcionou (mas só porque não foi por isso… ele tinha MESMO ido ver o Borat)! Chegada a hora da verdade, aqui a mulherzinha deu com ela com dois bilhetinhos para ver o novíssimo Daniel Craig a fazer de Agente Secreto ao serviço de Sua Majestade. Convencidíssima que ia levar com litradas de testosterona à pressão, e de a meio do filme já estar a rodar o pulso para levar com luz no mostrador a ver quando acabava a coisa, lá me dirigi à sala, a pensar que, no mínimo, no intervalo estava a assaltar o bar atrás do milho popularizado pelos americanos… Agora o que eu não esperava: é que eu cá, hummm, errrrr, cof cof… gostei. Porque para 007 o filme é (bastante) bom.

 

Depois de tanta celeuma devido á escolha de um actor louro de olhos claros, virtualmente desconhecido do grande publico, para um papel de tão pesada herança, e eis senão quando o senhor não só cumpre, como o faz Suma Cum Laude. Digno sucessor de Sean Connery, bate na perfeição o Sr. Roger Moore, e embora eu goste muito do mesmo, também o Pierce Brosnan - que é um belíssimo espécime de homem, mas como actor, já o vi várias vezes a desempenhar o mesmo papel: de… ele próprio. E assim, parece que cada filme dele parece uma sequela… Mas adiante: falava de Daniel Craig e a ele volto; está um fantasticamente verosímil James Bond, já a marcar a tendência da pós-metro-sexualidade, em que os homens se querem sensíveis mas sem ar ‘afemeninado’, cada macaco no seu galho e cada galho para seu macaco. Tal e qual como o new look emprestado ao herói de Sir Ian Flemming.

 

Por isso, senhores, se suspiravam de saudade do primeiro e único Sean Connery, e vetavam a ida ao cinema como um não à mudança, percam o receio, acreditem aqui em moi, e vão espreitar.

 

E as senhoras podem acompanhar os esposos ou namorados, que ali o rapazinho, além de exibir um ‘caparrão’ de revirar os olhos, faz um boneco de derreter corações, e fazer rolar cabeças. Literalmente.

 

No fim, ambos os elementos casal saem do cinema satisfeitos.

 

Vão por mim: é que eu já fui (eheheh…)

 

Bom, me voy.

 

Beijinhos com lacinhos (jingle bells, jingle bells…)

 

Fátima

Sab | 16.12.06

O livro do ano!

Fátima Bento

                                              

Fan-tás-ti-co.

 

Recomendo vivamente.

 

E sim, eu sei que a maior parte dos meus leitores (eu sorrio sempre quando escrevo esta frase… leitores! Acho que vou ter de crescer um bocadinho antes de ter disso…) já ouviu falar nessa coisa chamada ‘Movimento Slow’. Quem lê um bocadito de imprensa já tropeçou algures num artigo sobre o mesmo. Se está na moda? Aparentemente está. Se vale a pena estar na moda? Sem dúvida. Se ‘temos’ que importar e adoptar tantos hábitos e costumes parvos e sem sentido, sem pensar nem questionar muito, este é um movimento que está onde está por mérito próprio.

 

O ‘Movimento Slow’, como o próprio nome indica, defende o 'desaceleramento' em todos os campos da nossa vida, desde o trabalho, sexo, comida… faz-nos pensar. E pensar, só por si, implica abrandarmos um bocadinho, ou mesmo parar. Eu tenho lido o livro nos transportes, e cada dia me vejo menos impaciente (apesar de nunca me ter ser muito difícil pôr as coisas em perspectiva, há alturas em que pura e simplesmente não consigo - e é precisamente nessas alturas que sei que devo tomar uma decisão para mudar as coisas, dou um passo atrás e tento ver as coisas de fora. Posso demorar dois ou três dias a conseguir ver o quadro todo, mas chego lá. E o que pode parecer uma perda de tempo à primeira vista, já me poupou imensos desperdicios do mesmo a medio e longo prazo).

Curiosamente, o primeiro sinal de que o livro estava a ‘deixar rasto’ no meu subconsciente deu-se quando dei comigo a baixar sistematicamente o volume do Mp3, até que ontem quando vinha do trabalho, lancei mão (ou dedo, para ser mais precisa…) do botão do volume, e, ZUT, o som desapareceu. Tinha passado para o zero, e nem tinha dado por estar no um… isto num autocarro com gente a conversar, e com o motor, obviamente, ligado. E eu ia a ouvir musica, juro!

 

Mas isso sou eu.

 

De qualquer maneira, não acredito que qualquer pessoa que leia o livro com um mínimo de atenção - e, claro, sem pressa - não mude qualquer coisa, mesmo sem dar por isso. E o que se ganha em qualidade de vida por abrandar, não tem preço. Mas não quero ser mais papista que o papa, por isso leiam. O livro não tem nada de New Age, cristais, incensos e afins, embora faça menção a algumas dessas filosofias (sendo o sexo tântrico incontornável, por exemplo), nem, como não podia deixar de ser, promete nada. A grande virtude de Carl Honoré é precisamente a de nos querer fazer (re)pensar os nossos gestos mais habituais e costumeiros, os nossos cliques… e atenção, na vinheta da contra capa, num pequeníssimo perfil do autor, lê-se: “ Quando recolhia informação para este livro em Itália, foi multado por excesso de velocidade”. portanto aqui não há gurus: estamos todos, a começar pelo autor, a fazer uma viagem à procura do mesmo: alguma paz interior, no caos que constitui os dias de hoje.

 

E isso é possível. A sério.

 

Por isso, se ainda falta(m) comprar a(s) última(s) prendas, não hesitem: mas já agora, que seja para alguém especial. Uma jóia deste calibre não se oferece a ‘qualquer um’… Ofereça a si mesmo: como diz o anuncio, ‘porque você merece!’

 

Feliz Natal (a ver se isto assim anima, qu’ais Natal qu’ais quê, acho que este ano foi tudo atrás dos tri-glicéridos, e do ‘ninguém me pode obrigar’… é Natal, c’um raio, e embora com tanta coisa difícil e triste, será que não podemos “count our blessings” - porque será que isto soa tão mal em português? - e ficarmos um bocadinho mais, como direi… natalinos? Oh portugueses, sempre imóveis a contemplar o buraco em vez de tentar encontrar uma forma de contorná-lo…) Beijinhos com lacinhos,

 

Fátima

 

P.S. Se quiserem espreitar a pagina do autor, é: Http://www.inpraiseofslow.com 

 

Dom | 10.12.06

Chocada...

Fátima Bento

Nunca pensei que chegasse realmente a isto.

Eu oiço - ouvimos todos falar na crise. Eu vejo e digo que este ano o espírito natalício tirou férias, e que nem parece que é Natal. E no café, entre a bica escaldada e a conta, comentam-se os despedimentos, ou dispensas  que os patrões estão a fazer nesta altura do ano - mesmo na construção civil, que à partida dava sempre para quem se via ' de corda à garganta’.. A gente comenta, paga a bica, e segue com a nossa vida normal e confortável de quem crítica o consumismo desenfreado em que o Natal se transformou, enquanto paga € 150 ou €200 (e às vezes mais...)  pelo gadget que o filho pediu.

E depois, estou no quentinho e conforto da minha casa, onde criticamos tudo e todos, e nos lamentamos e nos queixamos dos nossos imensos problemas, imensos que nos parecem do tamanho do mundo, só porque não podemos comprar o Mp3 de 2 gigas e vamos ter de comprar o de 1 giga (coitadinha da criança!), quando toca a campainha. Ao abrirmos a porta deparamos com um homem, uma pessoa que podia facilmente ser eu, o meu marido, o meu melhor amigo, e que, enquanto me mostra um cartão dos bombeiros ( como comprovativo de que é pessoa de bem...), me diz que tem dois filhos, perdeu o emprego, e é Natal. E é então que os meus imensos problemas, me caem ao chão, e descubro que não sei nada, NADA de nada, e que a vida é muito mais que o meu pátio.

Os olhos do SENHOR (porque é preciso ser um grande homem e um senhor para pedir para os filhos), postos no chão de embaraço fizeram-me sentir miserável e mesquinha por lhe ter estendido os €5,00 que lhe dei. E se ele tivesse levantado os olhos e os tivesse posto nos meus, via que ali o embaraço, obrigatório, não era de quem pedia mas de quem dava. E quanto a quem não deu - que os terão havido - palavra de honra, que não há palavras...

Foi hoje que eu descobri o que é o Natal. E aprendi que não é nada do que acreditei ao longo destes muitos anos de vida.   E descobri que os voluntariados que eu faço não são nada comparado com a realidade crua do que se passa à nossa volta e que não queremos ver. E se pudesse ia ter com o homem agora e dava-lhe muito mais do que lhe dei, porque o dinheiro é só papel.

Bolas!

Fátima

 

Sab | 02.12.06

Esmagada. Quase, quase...

Fátima Bento

Semana má, semana má, semana má... bolas!

Não me vou perder em descrições, mas quando eu era pequenina deram-me um livro da 'Alice no País das Maravilhas' (edição que claramente não era para a minha idade, e que tentei ler uma ou duas vezes e depois desisti), que vinha ilustrado com 4 ou 5 desenhos que, parece-me agora, seriam reproduções a preto e branco das gravuras da versão original. Uma dessas gravuras, que me tem acompanhado desde então, era a Alice a ser literalmente abalrroada por um castelo de cartas, que lhe caía em cima da cabeça (provávelmente, há muita gente que já viu essa imagem, original ou feita a partir da mesma).

Pois foi assim que me senti durante esta semana - e na terça feira, as cartas já me tinham soterrado de todo.

Tive de 'meter ar', dar um passo atrás e ver tudo 'de fora' - vai daí, não fui à faculdade quarta nem quinta, e agora "já tá". Já varri as cartas e já as meti no lixo.

 

Prontos!

 

(e ninguém percebeu nada, mas eu esvaziei os bolsos dos restos de cartas que poderiam ainda andar por aí)

Amanhã, ou logo, faço mais sentido . Agora, tiveram de levar com uma especie, não de magazine mas de enigma.

 

B'jinhos e inté,

 

Fátima