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Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Qua | 25.07.07

Bruxa procura-se!

Fátima Bento

É desta qu'eu VOU á bruxa!

 

Ora senão vejam: depois da desgraceira pegada que tenho contado aqui, ontem no ginásio, logo depois da aula de Body Balance, eis senão toca o móbil, e é o Tomás: "Ó mãe, o comando da box partiu-se" (e parti-me eu. Box tem as mesmas 3 letras que wii...). "Partiu-se QUE comando? " "Da box. Passei-me e atirei-o contra a parede" (Ora vejam lá como o c***ão do comando se foi partir! Já não fazem comandos como antigamente!). E pronto, foi o carmo e a trindade.

 

Hoje, 14h, grita a filha: "ó mãe!!!!!!!!!!!!!" do desktop

 

Lá segue a mãe para a sala, colher de pau em riste, e depara-se com um hacker muito feliz sobre um ecran verde, a vangloriar-se de ter tomado de assalto o dito. E vai de abrir wmp, e deitar pastas para a sanita (olhó requinte!!!!)

 

Desliguei tudo: computador, tomada, todos os cabos do modem...

 

Tu vai lá vai!

 

Vamos lá ver o que o expert da casa vai dizer da coisa... É que eu estou aqui no Rio Sul, e acabei de pagar €0.75 para ver emails e postar aqui

 

E agora tenho de correr, o tempo está a acabar.

 

Fátima

Seg | 23.07.07

Post telegáfico:

Fátima Bento

: Passei os 10 000!

 

Obrigados!!!!

 

2º: Ontem fez sol!

 

Foi um g'anda dia de piscina (e eu, que até comprei um intensificador de bronzado factor 15, da Piz Buin, nepes, tou baranquela, branquela!

Ninguém diz que eu sou mãe do meu filho, que, a Factor 30 parece que chegou de Cuba!)

 

Mas foibué da fixe!

 

Depois escrevo mais, agora tenho tralha para fazer: fui ver o Potter de ttarde, e ainda consegui comprar um casaco liiiiiiindo de morrer que custava 50euros por 14! 

 

Tarde ganha, portanto!

 

Inté,

 

Fátima

 

Dom | 22.07.07

Escrito sábado 21 de Julho

Fátima Bento

Estou recostada nas minhas almofadas, portátil nos joelhos e dedos nas teclas, enquanto na sala estão os putos e o pai, todos de volta da wii, atentar descortinar o “Zelda”, que está a deixar tudo maluco, sem saber como fazer as tarefas, nem onde. Jeitoso…

 

(já tirei o peito do congelador, mas ainda me custa sorrir. Mas o motivo agora já é outro… como me disse a Diana, a vida é demasiado curta… mas às vezes não há mesmo remédio…)

 

Acho que me vou embora, antes que me afogue aqui numa poça de auto comiseração, e poucas coisas há mais medíocres de que alguém com pena de si próprio.

 

A minha gata Mia anda aqui transida de ciúmes, que quer o meu colo, que está, obviamente, ocupado. Assim que eu pousar o computador, 1º, vem dar dois ou três miminhos, e 2º, vai sentar-se em cima do dito, com o ar mais feliz do mundo - ahah!, ganhei-te! - até eu lho tirar de baixo. Não existe objecto ou pessoa na casa de que ela tenha mais ciúmes.

 

E agora que já escrevi uma série de baboseiras, me voy, ao Continente buscar o bolo de aniversário do puto - hoje é para soprar as velas na avó - e o Asti. E de caminho, o último Harry Potter, qu’a grande não descansa para o ler. Sempre são 48 horas em que não oiço “quando puder ir para aí avisa”, de cada vez que meto as unhas no teclado do desktop…

 

Amanhã vou à quinta da minha irmã. Qu’a sorte qu’eu ando, vai estar enevoado e frio, e aquilo sem piscina… bem, digamos que as minhas social skills, neste momento, dão o rabito e cinco tostões para se enfiarem num tupperware e irem a correr para o fundo do armário, mesmo por trás das latas dos chás.

 

Mas isto lá ou cá, sozinha ou acompanhada, a sensação de vazio e impotência é igual, e já que os dias têm mesmo que se suceder uns aos outros…

 

Se fizer sol, publíco aqui um elogio (semi)público, vale?

 

Bah, vou parar com este post parvo.

 

Ó ‘migo que vai pó Dubai, vê lá se não te esqueces de da noticias antes de ir, chim?

 

Fátima Bento

Qua | 18.07.07

Falta de Educação

Fátima Bento

Hora de jantar, família ( 8 ou 9 pessoas) à volta da mesa, crianças mais ou menos pequenas, daquelas que ou 500% de atenção  ou nada (próprio dos seus 2 anos e meio). Restaurante chinês - que ainda os há bons e de confiança. Motivo: um rapazinho fazia 11 anos, senhor de si e de ser “maior“, cansado das actividades de férias, mas a receber a sua parte: naquele dia, especial(mente) para ele, a homenagem de todos.

 

Hora do bolo, canta-se a cantiga da praxe, o pai brinca com ele e dá um piparote mal dado, que lhe acerta na vista. A criança sopra as velas e debruça-se sobre a mesa agarrado ao rosto.

“Pronto, pronto, lá vem ele, lá temos fita”, diz o pai enquanto levanta os olhos aos céus.

“Bolas pai, que raio de brincadeira, aleijaste-me!”

“Não sejas nhec-nhec, que não te aleijei.”

E mete-se a mãe, virtualmente entalada entre as duas cadeiras:

“ele não está a chorar, está só a ver se lhe passa a dor”.

E refuta o pai “bem podes chorar, que a noite para ti acabou(não se apercebendo que estava a confinar os restantes ao mesmo fado)!

E diz a mãe: “Parte a primeira fatia e eu parto o resto". Fatia partida, prato 'veementemente' assente na mesa.”Pronto!”, entre lágrimas de raiva.

“Sai da mesa” - diz a mãe.

"Vai para a casa de banho chorar, lavar as mãos e a cara, e quando estiveres mais calmo podes vir sentar-te na mesa", vocifera o pai.

Rechaçou a tentativa de mimo da irmã (que isto quando se está mesmo enervado, vai tudo à frente), e lá foi chorar para a casa de banho.

 

a. Pianno,

b. Allegro,

c. Vivacce,

d. Molto vivacce

Nesta altura entre os adultos que tentavam entabular alguma forma de conversa que relegasse para segundo plano as “fitas” da criança e do pai, que insistia em vincar a situação (situação em que levaria, óbviamrente, uma valente reperimenda quando chegasse a casa, não fora todo o mis-en-scéne que se gerou, e que elevou os batimentos cardiacos da mãe quase ao Evereste). Neste entretanto, e aquando do molto vivacce, começa a irmã a implorar à mãe “vai lá tu, que quando ele está assim, eu não consigo acalmá-lo…” “e eu consigo? Ele está num crescendo, só quando o tom começar a diminuir é qe me deixa fazer qualquer coisa!”. Levanta-se a sobrinha mais nova (27 anos, dois filhos), e dirige-se á casa de banho, com a tabuleta “já que ninguém quer fazer nada…” pendurada no nariz, agora empinado. E, hole and be hold a criança sai de lá calma, com todos a destilar stress, e cheios de pressa de sair dali.

 

Reumindo:

 

Se, e só se:

þ o pai tivesse dito “desculpa, foi um acidente, não te queria magoar”, (que todos disseram, menos quem lhe interessava que o tivesse feito);

þ Se lhe tivessem deixado exprimir a dor que sentia sem comentários;

þ E a mãe tivesse deitado as tradições às urtigas, e tivesse ela tirado a primeira fatia do bolo;

Tinha-se poupado GRANDE parte de todo aquele embaraço.

Eu sei, não porque estivesse na mesa ao lado a acompanhar o sucedido, mas porque eu era a mãe da própria mesa.

Chegados a casa, havia A prenda da mãe e do pai a entregar. “Vai chamar o teu filho, para lhe darmos a wii” Não quero conversas com ele, dispara de nariz ao alto.

 

Assim, saco da fnac no meio da sala, “meninos!” aponto com um gesto, tirou de dentro, abraçou-me com força “obrigado”, abraçou o pai que se deixou abraçar por umas fracções de segundo, estacou a olhar para mim “anima-te, mãe!”, “ não estou desanimada filho”, digo com cara de enterro, e agarra-se a mim a chorar. “Pronto, vai lavar os dentes e até amanhã.”

Foi na segunda-feira 16, ainda tenho um buraco no peito. Ele, já joga wii, e vem-me dar beijinhos e dizer que gosta muito de mim como tu me costumas dizer, sorri.

O pai mantém-se irredutível, 'que teve toda a razão, que teve muita sorte em não lhe ter arreado à frente de todo a gente, e por isso se sente orgulhoso'. Não é argumento que o 11º aniversário da criança ficou marcado, au contraire, "espero bem que nunca ais se esqueça". Está magoado, e não perdoa (?!?!).

E eu… eu pus o meu coração dentro do congelador, e desde segunda-feira à noite, não sei sorrir.

Fátima

P.S.:  Comentários...please...

Seg | 16.07.07

O Baptizado da Ritinha

Fátima Bento

Foi ontem, na Capela do Arsenal do Alfeite (deve ter outro nome, mas pronto... ).

 

E como eu sou uma rapariga muito organizada no que diz respeito às tarefas domésticas, à conta de ver o "Déja vu" na véspera, (oh tão actualizada que eu ando!!! ), deixei tudo o que havia para passar a ferro (i.e., a roupa do marido, dos filhos e a minha) para de manhã. "Ajuntem-se" os "dá-me um jeitinho" mais os "fico mais fixe assim...ou assim?", e quando chegámos à capela, estava tudo  - TUDO - no exterior da dita, à nossa espera, para ir para o restaurante.

 

Agora imaginem a vergonha!

(LOL) 

Depois então, lá se passou a tarde num restaurantezinho muito agradável.

    

 

Agora giro, giro foi o facto de ver assim uma mão cheia de crianças ( aí umas 8) sem PC, Playstation, Gameboy, Nintendo DS, MP3, telemóveis, e sem nada para fazer, entre o final do allmoço e a abertura do bolo, umas boas 2 horas...

E, pasmai ó gentes!!!

'atão não é qu'os putos ainda sabem jogar às escondidas e à apanhada?!?!?!?!?

Se não visse não acreditava. Então o meu pikeno, que passa o tempo todo a queixar-se da "seca", e que é tudo uma "seca", não perguntou vez nenhuma o habitual "quando é que bazamos?"

Fan-tás-ti-co!

Vá, toca a tirar os legos da arrecadação: ainda há esperança!

Fátima

 

Sab | 14.07.07

A SALOICE DO CANUDO, ou...

Fátima Bento

...ou-como-eu-fui-estupida-ao-ponto-de-suar-a-camisola-e-levar-um-chuto-no-trazeiro...

JÁ CHEGA.

 

Tenho-me mantido aqui no meu cantinho, sem fazer ondas, estupidamente educada, e low profile qb.

 

Mas agora, já é demais.

 

Não gosto, nem nunca gostei dos meandros da politica e dos jogos de poder em que rolam cabeças só porque são precisos “escape goats“, sem pensar nos donos das ditas… no entanto, em meio à situação que estou a viver agora, devo dizer que a politica institucionalizada, com meandros mais ou menos opacos, ganhou um respeito da minha parte que de facto, não tinha. Pela tenacidade daqueles que lá andam, que caem e se levantam, e apontam o dedo a quem acham que os empurrou, e que se mantém alerta na primeira esquina, para rasteirar da mesma moeda quem lho fez antes.

 

À “pequena escala”, à escala de quem anda aqui pelo aparecer, quais pavões a exibir a plumagem numa feira de vaidades, que trepa pondo os pés onde (e em quem) nem repara, só para aparecer mais na fotografia, a coisa ganha no jogo baixo, e perde na dignidade dos que se re-erguem, se sacodem, e seguem caminho (salvo raras e honrosas excepções, que acabam por mais não fazer de que confirmar a regra).

 

Posso, e devo, passar a registar aqui o que me deixa tão desencantada, magoada, traída, mas só pensar na dimensão e impacto que tem em mim, me dói.

 

Muito.

 

E sei que nem adianta de nada contar, apresentar factos e datas, mencionar contradições, porque, depois de quase 2 anos de dedicação total a um projecto de “Formação em Acção Parental, que sem o meu envolvimento, provavelmente ainda seria um projecto de intenções no fundo de uma gaveta, foi considerado que não tinha competências para evoluir com o projecto. Porque, e ninguém corrigiu esse argumento, me falta a licenciatura.

 

Porque para

1) desbravar caminho,

2) lançar alicerces,

3) cimentar contactos,

4) acompanhar cada um dos cursos presencialmente,

nunca foi posta em dúvida a minha capacidade. Agora, que a coisa tem raízes, e conta ganhar maior projecção, foi feito um contacto pela/com a filha de um casal amigo do Presidente, e eis senão quando eu sou remetida para a prateleira, perdão, secretária, num cargo sem nome em que, como eu própria coloquei, seria assim uma espécie de faz-tudo do circo, em que fazia uma perninha a assistir o coordenador geral do projecto (que é o sr. Presidente, acumulando mais um cargo) e outra a assistir a directora pedagógica de implementação… yada…yada….do projecto. E teria de me reportar a ambos (e quem mais se inventasse colocar de premeio), em relação a algo que EU COMECEI, facto de que muito me orgulho.

                                                                                                                                

Ÿ          E não me venham dizer que este projecto é outro, maior, porque sem o inicio não  existia, quanto mais tinha crescido…

Ÿ          E não é para me responderem, mas o que é mais difícil, começar do nada, ou seguir as linhas já traçadas?…

Ÿ          (e quem as ajudou a traçar???)

 

Agarrando-me à convicção de que mereço mais respeito de que aquele que me era destinado, recusei-me a ocupar o tal espaço com o meu nome na prateleira, perdão, secretária.

 

E demiti-me.

 

Estou, então à margem, persona non grata que me tornei, banida.

 

E todo este embrulho numa Federação Regional de Associações de Pais onde se trabalha VOLUNTÁRIAMENTE. Portanto, o gozo deste tipo de atitudes só pode estar no lixar o próximo, porque sim. Ou eliminar o ‘objecto’ que ameaça crescer e fazer sombra…

 

Vão ficar-me na memória algumas frases ditas em reunião alargada a todos os Órgãos Sociais da Federação, saídas da boca daqueles que acompanharam os relatórios sumários transmitidos oralmente por mim, de 30 em 30 dias, e que podiam ter-se abstido de comentários por falta de informação que os validasse… no entanto, e dado que, a informação era partilhada entre mim e o Presidente, como bons ‘yes-men’, fizeram coro com o lado mais forte… e eu vi-me remetida a je e a moi-même.

 

De qualquer forma, a pérola da noite foi para o Sr. Presidente, e merece ficar gravada na pedra: a propósito de eu ainda estar no início da Licenciatura de Psicologia, e das minhas capacidades, vociferou um:

 

“Não me interessa o que vais ser, interessa-me o que tu és agora”.

 

A resposta, que não dei na altura, só pode ser “Um Alguém com letra ‘muito’ maiúscula, que se não tivesse preparado o terreno, agora, não havia rali.”

 

E tenho dito.

 

Fátima