Acabei de me sentir verdadeiramente burra. Pior: uma verdadeira burra cansada e transpirada. Passo a esclarecer.
Ai o frio, ai o frio, ai o frio!
Hoje, minimo um, máximo sete, em Almada, no PDA do marido.
Ora está esta alminha em casa, vidros duplos, aquecedor e gatas coladas as pernas, como se pode ver...
![]()
... e às 15:30 lá se decide a despir o robe - polar - o pijama - polar - e enfiar as calças de ganga devidamente aquecidas no aquecedor, mais a camisola de lycra com forro 1/2 polar, mais um pull-over de torcidos que é mais-que-quente, visto o sobretudo, amando-lhe a pashmina vermelha por cima dos ombros, calço as luvas de lã - daquelas de capuchinho, para trás, ficas com as pontas dos quatro dedos de fora, para a frente, parecem luvas de um dedo - e enfio o barrete... dentro da mala, graças à santa!
Agarro na carteira, abro a porta da escada, e sinto a diferença de temperatura. Congratulo-me pelo enchourichanço, e desço as escadas, assim um bocadinho apardalada para manter o equilibrio com aquele peso todo no lombo. Para abrir a caixa do correio, puxo os capuchinhos das luvas para trás, e entretanto transponho a porta do prédio.
Frescote. Senti frescote - a cebola!!!! - e puxei os capuchinhos para cima dos dedinhos. Desci a rua e entrei no café, cheio de gente e com o ar bem condicionado. Tiro a pashmina e as luvas, lá tomo o meu café, e saio para ir comprar pão. Pois e não é que até achei a temperatura amena - a chouriça! - e como precisava de umas coisas do supermercado, dirigi-me a ele. Que também tinha o ar bem condicionado. Começo a destilar. Passada a caixa, rua com ela, e vamos aos legumes e fruta, tenho de fazer uma sopinha para amanhã, e rebéu-béu - a chouriça está eufórica, julga-se a melhor transportadora do mundo! - e ele são laranjas, e ele são bananas, mais as nabiças, as pêras e o alho francês... ora numa mão um saco com 3 litros de leite e oito yogurtes, mais uma revista, na outra dois sacos com a vegetália... e ainda faltava o pão. Lá vou eu - nesta altura ensopadinha em suor, dirigir-me à boutique de pão, que estava cheia, pois tinha acabado de chegar um carregamento de pão quente, e tinha igualmento o ar bem condicionado. Lá peço, lá pago, lá saio, e uau! agora é que vou para casa! (e como é que aguento até casa com este peso em cada mão - é que além dos sacos, também havia a carteira, que teimava em não se querer fixar no ombro e se instalou numa das mãos...
...calma mulher, nice and easy does it!
('atão pois does it...)
Vou eu atrapalhada, rua fora, c'os c*b*õ*s dos sacos, que mesmo com luvas magoavam as mãos, e poiso tudo no chão, para troca-los de mãos. Lá me organizo, e de repente reparo que falta uma coisa... onde é que está o alho francês? QU'É DO ALHO FRANCÊS, CANUDO? Olho para trás, em slow motion, como nos desenhos animados, ou nos filmes de acção classe B, e eis o alho francês a 50 metros da minha pessoa, com a rama toda esparramada no chão, qual saia de godets... Ah, C***LH*!, pego nos sacos e volto para trás. Agarro no legume e enfio-o no saco mais alto, o mais fundo que posso. Chiça, que eu quero ir para casa!
(isto tudo, alagada de transpiração... com a pashmina a escorregar, e a carteira na mão...)
Chego finalmente a casa, subo as escadas com a correspondencia nos dentes, e mal giro a chave na fechadura, e fecho a porta atás de mim, descasco a cebola até à penúltima camada - a camisola de lycra com interior semi-polar (sim que por baixo dessa ainda havia e há um top térmico), e levo os sacos para a cozinha. Ponho a àgua a ferver para fazer um chá - mas junto-lhe metade de àgua da torneira, que com calor estava eu...
Ou seja: enganaram-me. Disseram-me que as temperaturas estavam baixíssimas e não estavam. Eu, que sou a mais friorenta das friorentas cheguei a casa toda transpirada.
Tá feito: nunca mais acredito no coelhinho da Páscoa.
Fátima ![]()