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Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Qui | 30.06.11

Vamos lá completar a ronda com os últimos que vi no grande ecran (... e com os próximos que conto ver!)

Fátima Bento

A semana passada, e os quatro diazitos (aqui sexta não foi feriado, mas o maridão pôs o dia de férias), foram um miminho! Aproveitámos para, entre outras coisas, ir ao cinema. E o que fomos ver? Pois, tinha de ser grande e apoteótico: "Os Piratas das Caraíbas - por estranhas marés".

Nunca tantas vezes ouvi a frase " chiça, até que enfim que é o último!" a caminho da sala de cinema! Já enjoava, tanto fime 'ingualinho' - mas a verdade é que tinha de ser visto, preferencialmente "em grande". E sim, ainda bem que foi, finalmente, o último!

 

O meu filho tem a melhor descrição para o que o filme resume: "Oh mãe, é basicamente o Johnny Depp a ser awsome, com umas quantas coisas a acontecerem à sua volta... "

 

 

Nem mais, nem menos!!!!

 

Depois, à noite, foi a vez de pormos a saga de Harry Potter em dia, já que está aí a estrear a segunda parte de "Harry Potter and the Deathly Hallows", e ainda não tinhamos visto a primeira. Pois que é loooongo, obscuro (como seria de esperar) mas não me fez perder a vontade de ir ver a estreia da segunda parte do dia 14 de Julho.

 

 

Agora, as grandes esperanças que se seguem...

 

No próximo lugar na lista está "A Árvore da Vida", com Brad Pitt e Sean Penn -  a ver se o vejo na próxima segunda dia 4. A 14 (se conseguir seguir o calendário) a estreia do Potter. Pelo meio quero tentar encaixar (é tudo uma questão de €€€) "X-Men: O Início", que a Inês jura a pés juntos ser fantástico. Entretanto, o maridão queria ir ver o "Transformers", mas cá para mim, vou sugerir uma saída d'hommes cá da casa, que não me está a apetecer gastar (mais) €5,10 (preço com desconto cartão fnac) para ver esse filme.

 

Agora vamos ver se consigo organizar as minhas finanças, por forma a ver os alinhados.... O Potter a ver se visiono dia 14. A ver se consego encaixar o X-man entre ambos, a ver vamos...

 

Mas, para além de tudo o mais, mal posso esperar para ver o senhor abaixo outra vez...

 

 

Prontx, sou fã! (esta foto tem tanto fotoshop que lhe tiraram dez quilos e quinze anos, gosto dele mais maduro e "fôfinho" =o)))

 

(o marido não se ofende, é fã da Jennifer Aniston... lol)

 

Inté!

Qua | 29.06.11

Na minha mesa de cabeceira...

Fátima Bento

... de onde salta para a carteira quando saio, e só não vai saltar para o saco da praia porque está pertinho do fim...

 

Já ouviram falar de Homer ? 

Não? Então dispensem pedir referências, pesquisar informações, ou o que quer que seja (vá lá, se tiver de ser cliquem lá no nome do gato, acima). Aprovadíssimo está o clique na foto, que dá directo à pagina da fnac que o vende. Comprem-no, de olhos fechados. Vale cada cêntimo, cada letra, cada gargalhada, cada sorriso, cada nó na garganta... mais, muito mais que conseguimos imaginar - deu-me uma descrição do 11 de Setembro que

a) não esperava -a descrição

e

b) não esperava - a qualidade, e o ângulo, da mesma.

 

Oh pah, se confiam em mim, no meu gosto e no que volta não volta, recomendo, vão por mim. Este é dos (pouquíssimos) livros que vai ser relido, e relido...

 

Vale a pena, mesmo para quem não é assim-tão-fã-de-gatos-como-isso.

 

B'jinhos.

 

Qua | 29.06.11

No meu IPod, no IPhone e no meu IPad...

Fátima Bento

...isto se os tivesse... assim, é mesmo só nos meus dois Creative, LOL, já que nenhum dos telemóveis tem, sequer, leitor de MP3... nem precisam - já aqui tinha dito que detesto telefones? Dos fixos e dos móveis? Não? Então fica aqui gravado na pedra que, tirando a utilidade de algumas sms's, e a sua presença dentro do carro 'just in case'( já lá "dormiu" dois dias e nem dei por falta... claro que tinha um camadão de 'não atendidas' quando o 'recuperei', mas o pessoal que me liga já sabe que, no que diz respeito a telecomunicações sou desnaturada, mesmo... e qeum não deixa mensagem - de voz, ou escrita - tem grandes hipóteses de não obter reciprocidade ao 'estou sim'... sou mesmo uma desgraça) EU NÃO GOSTO DE TELEFONES! Gosto de emails, de FB, mas não gosto de falar ao telefone. Prontx.

 

E agora ao que interessa.

 

Apaixonei-me pela sonoridade, admito, no anúncio da tv. Aqueles escassos segundos foram o suficiente para carimbar gosto, e acto continúo, comprar o cd na fnac - QUE EU NÃO DESCARREGO MUSICA PORTUGUESA À BORLIX, que eles todos não merecem.

 

Cheguei a casa, puz no leitor. Ouvi, ripei passei para os MP3 - para o oficial e para o da caminhada. E vai daí, não oiço outra coisa!

 

 

Se não conhecem, força. Vale mesmo a pena.

 

(Inês se quiseres, pede que eu COMPRO e envio).

 

B'jinhos

Qua | 29.06.11

Hate-bloggers: é que não há cu p'a esta gentinha...

Fátima Bento

Chiça!

 

Acreditam na lei do karma? Eu, honestamente quero acreditar, assim, com toda a força. Mas mesmo com toda a força. É que há gente execrável. E-X-E-C-R-Á-V-E-L.

 

Eu até tinha decidido não falar no infeliz acidente do Angélico. Tencionava fazer um post de RIP quando as máquinas de suporte fossem desligadas, e mais nada. Não gosto de cor-de-rosices, e gossips e afins, de modo que não estava por dentro da vida do rapaz, aparte saber que ele viveu com aquela actriz estrábica e podre de boa que fez de freira numa qualquer novela ou sitcom da TVI (não estou a armar aos cucos, não me lembro mesmo do nome da moça) e sabia que ele tinha feito parte dos D-Zert, i.e., tinha participado nos Morangos, e agora teria uma carreira a solo. Acho que saber isto sobre alguém não me dá "canudo" para opinar o que quer que seja, a não ser que terá sido uma perda enorme, porque, como diria o Herman "ninguém tem 28 anos", e ninguém devia falecer vítima de um acidente estúpido em que rebenta/salta a roda a um automóvel. E nem me venham com estorias, já que o gajo, mesmo que fosse a um velocidade controlada(que não iria de todo - eu no lugar dele provávelmente também não), o desprender de uma roda ou o rebentamento de um pneu poderia SEMPRE ter o desfecho que se viu - somando, para mais, a não utilização de cinto de seurança...

 

Posto isto, porque é que eu falo de hate-blogs, decido escrever sobre o acidente do Angélico, e meto tudo no mesmo post?

 

Antes de  mais nada, uma explicação para quem, como eu, até há pouco tempo não tinha ouvido falar de tal isso: os hateblogs são blogs que só servem para cortar e dizer mal, E dizem muito sobre a gentinha que os escreve - e sobre a gentinha que os comenta efusivamente. O que os move? A INVEJA. De quê? De tudo o que for passível de sentir inveja. No caso da perseguidíssima Pipoca (e ela ralada...), não há dedo em riste que não desse anos de vida para fazer o que ela faz, viver como ela vive, ganhar o que ela ganha. Pessoal, EU gostava de viver da minha escrita e de dividendos deste meu cantinho. Mas, apesar de tudo nunca fiz nada por isso, ao contrário das Pipocas e Mini-Saias desta blogosfera - e parabéns para elas! - por isso, pianinho, e se quero fazer acontecer, tenho uma coisa no alto da cabeça, e duas na ponta dos braços: se usar as três em conjunto, pode ser que lá chegue. SE assim o decidir. Mas dizer cobras e lagartos de quem o fez e conseguiu? Por que cargas d'água, senhores?

 

De volta, então, ao assunto de início: acho inqualificável o que comecei a ler logo na segunda, tanto pela blogosfera como no FB sobre o Angélico (sim, sobre O artista, não apenas sobre o acidente). Ele saltavam setas envenenadas de todos os lados, ainda não tinha sido pronunciada a morte cerebral, e falavam de tudo-tudo-TUDO o que conseguiam inventar, e eram ironias, piadolas, e, é pá, enojou-me. Juro que me enojou.

 

Ou seja, a coisa insere-se no que falei, do ódio puro e inqualificável pelo semelhante só-porque-ele-até-tem-qualquer-coisa-que-eu-até-gostava-de-ter-e-é-por-isso-um-alvo-a-abater.

 

Pessoínhas nojentas. Poucochinhas, mesmo, magotes de poucochinhas.

 

Não era, nem seria fan do artista. Nunca - pois que acredite quem quiser - me sentei em frente à tv a ver os "Morangos...", por isso, não é o facto de ser sobre o Angélico que as vozes asquerosas se erguem: é por ser sobre um jovem de 28 anos que faleceu num acidente de automóvel. Ele e mais outro (até agora), que não anda nas bocas do mundo por não ser figura pública. Pelo sossego qua tal falta de mediatismo lhes deu, acredito que a família estará grata.

 

Garanto que este é e sempre será um blogue anti-hate.

 

 

- comecei a escrever este post na segunda-feira, já fora de horas. Hoje, quando liguei o pc, já anunciavam a eminência da autópsia do ator. Chegada é a altura de lhe desejar um eterno decanso, sem antes louvar a doação de orgãos, Há pessoas, e respectivas familias, grandes. E erros todos cometemos. Infelizmente nem sempre podem ser desfeitos... mas paz, muita, é o que todos precisam, agora...

Seg | 27.06.11

Quando não é do c*, é das calças... e vice-versa...

Fátima Bento

Não, a minha vida não é uma atribulação pegada. É pá, não é, prontx - ou então eu não a vejo como tal, e dá no mesmo. Há momentos bons, momentos menos bons... e alguns momentos mauzitos.

 

Mas... tenho um problema: não consigo chorar. O que é aborrecido em diversos aspectos: além das pessoas acharem que eu não "sinto" (para o que, em 95% dos casos, me estou a borrifar), fico a sofrer do síndroma-de-garrafa-de-espumante-com-a-rolha-presa. O que é uma grande gaita.

 

Por exemplo agora, à conta deste calor e dos miolos estarem a funcionar ao ralenti, e o corpo dentro da mesma velocidade, vou deitar-me um cadinho e tentar fazer uma 'sestita'. E uma coisa muito boa, seria chorar um rio inteirinho antes de adormecer. É que fazia-me mesmo, mesmo falta. Mas não, estou para aqui "a seco", a digerir uma daquelas notícias que nos fazem o chão fugir debaixo dos pés, e à qual, por muito que a gente tente, não há cá "copo meio cheio".

 

 

Esta avizinha-se ser, muito provávelmente, a pior situação por que passei até hoje. Porque não tem hipóteses de final feliz.

 

E eu estou aqui, angústiada, sufocada, agoniada, atordoada, e tudo o que conseguirem imaginar, mas quem me vir ou falar comigo, nem suspeita!

 

(tadinho do maridão que é o único que nestas alturas me vê como me sinto...)

 

E para quem me conhece e ler isto, já sabe que esta vai ser uma daquelas fases em que vou querer estar seule avec moi même... Mas honestamente, neste momento, nem disso tenho certezas...

 

Qua | 22.06.11

E prontx...!

Fátima Bento

Estão a ver o nascer do sol...

 

... ao som desta musica...

 

...e nas vossas mãos...

... per'aí...

Ah-ah! Melhorou...

 

E prontx.

 

Foi mais ou menos assim que me comecei a sentir depois de me levantar. Olh'aí um dia novo!

 

E prontx.

Ter | 21.06.11

The day after

Fátima Bento

Depois de uma boa conversa, e de uma noite bem dormida (com ajuda), acordei com a sensação de ter sido atropelada por um camião TIR. Enfim.

 

O que seria mesmo, mesmo boa ideia? Sair de casa e ir relaxar para a praia. O que vou fazer? Dormir mais.

 

Há dias assim, fases assim. Terminam geralmente bem, o copo fica sempre meio-cheio, mas é preciso tempo para tomar um anti-ácido que ajude a digerir o sapo engolido. Porque, mesmo com pedidos de desculpa, e tutti quanti, dói sempre. A gente até tem resiliência, e quando a coisa é entre-casal, até batemos o pé à cara metade, explicamos o caso bem explicadinho, somos assertivos, resolvemos a coisa, mais devagar ou nem por isso, e dói mas passa. Mas quando a atitude vem do rebento, a coisa dói mais. Muito mais.

Por isso, vou para os braços do Morfeu, abraçar bem apertadinha a minha inner child, aconchegar-me debaixo do edredon de verão, e ver se amanhã já me sinto de modo a ir até à praia - porque se há coisa que aprendi é que que nestes assuntos de dor-de-alma, não dá para apressar nada: é fazer a vontade ao corpo e deixar o espirito livre para meditar e curar as feridas abertas. Até agora tem resultado.

 

B'jinhos e inté! 

Seg | 20.06.11

mea culpa?!

Fátima Bento

Estou numa daquelas fases que geralmente atravesso em silencio, com monólogos interiores, idas à praia, contemplação e meditação. Mas acontece que desta vez estou de tal forma abalada que não consigo ficar calada. Tenho uma cratera no peito que não sei quando vai fechar...

 

Imaginem... imaginem que assentam a vossa vida num pressuposto. Imaginem que investem tudo o que possuem, passado, presente, futuro, na certeza de que aquele é o único caminho que faz verdadeiramente sentido, o "caminho certo". Imaginem que ano após ano se "esquecem de vós próprios", se relegam para segundo plano*, em prol de levar aqueles barcos a bom porto, na ansia de construir pessoas melhores, que irão, não só mas também, enriquecer a sua geração, embora que o que aqui está mesmo-mesmo-mesmo em causa é dar asas, ajudar a atingir o infinito necessário para se sentirem felizes.

 

E na certeza desse pressuposto, imaginem que acompanham todos os estudos publicados que conseguem lêr, todos os livros de psicologia académica, de psicologia "POP", e de Psicologia Positiva, que promete juntar o melhor de três mundos no que à felicidade diz respeito.

 

E depois sigo. Sigo os conselhos e a minha intuição de mãe e vou fazendo o que poderia jurar estar a fazer em grande estilo, com resultados mesuráveis...

 

... mas afinal caio da cama, sou sacudida e acordada e foi o balão que me rebentou na cara, e que não, e que nunca, e que nada adiantou de nada, as noites sem dormir durante quase 8 anos, as canções de embalar trinadas à rouquidão a amamentação até querer, os acordos de nós os dois, feitos à boca pequena... segredos nossos...

 

E de repente, perdi.

 

O pai disse-lhe textualmente - acho que foi a unica coisa que consegui escutar - que nada de que qualquer um deles 3 façam por mim, nunca será nada em comparação com o que fiz e faço por eles.

 

E agora estou aqui, li o script, o guião, e olho à volta, e o filme não é este.

 E deixo-me estar e olhar esbugalhado para a minha vida que me escorre por entre os dedos...

 

 

*e neste aspecto como em tantos, 'faz o que que eu digo, não faças o que eu faço' assenta que nem uma luva com distinção.

Sex | 17.06.11

E agora, livros outra vez!

Fátima Bento

Pois todos temos os nossos livos favoritos. E eu nem vou por aí, que nunca mas parava, são carradas, e só de pensar na lista dos títulos que quero ler antes da rentrée, fico cansada.

 

Antes, quero falar dos meu livros DE CULINÁRIA favoritos. Mas só vale um Top 3.

 

E porquê culinária? Porque cá em casa andamos todos a virar vegetarianos, à conta de enjôo da carne e coiso, por isso, ando na pesquisa de receitas novas, não-só-mas-também com vegetais.

 

E então, estes são os meus três magnificos:

 #3

 

- a minha mais recente aquisição: Cozinha para quem quer poupar, de Mafalda Pinto Leite. Comecei hoje a leitura na diagonal, e já estou totalmente rendida.

 #2

 

- Cozinha com Nigella, da Nigella Lawson Não tenho muitos adjectivos para o descrever. As receitas são de babar, fáceis-fáceis, e tutti quanti. Acho que enquanto não tiver os restantes da senhora não descanso ({#emotions_dlg.sarcastic})

  #1

 

- Dias com Mafalda, novamente da Mafalda Pinto Leite. Dizer o quê? LIIIIIIIIDO de morrer o livro, e vou-me repetir com o que disse do #2, "as receitas são de babar, fáceis-fáceis, e tutti quanti". E ela é portuguesa, e o livro, o fotografo, as peças usads o styling, tudo-tudo é "made in cá no burgo". Amo de paixão.

 

Não, não vou dar uma de Julie and Julia e desandar a fazer as receitas todas do início de qualquer um dos livros, até ao final. Mas não me importo de partilhar o que for fazendo... Agora se puderem, ou desejarem investir num deles, o #3 é extremamente oportuno...

 

E 'gaijos', perguntam vocês? Se calhar sou tendenciosa, sei lá. De cá, gosto do Chakall (que é "de cá", mas não é tuga") e mais de uns quantos que toda a gente conhece, mas não há ninguém que se (me) destaque. Internacionalmente falando, há o Jamie Oliver - gosto de o ver na TV, mas após folhear alguns dos seus livros ainda não me senti tentada a adicionar nenhum à biblioteca cá de casa.

 

O Gordon Ramsey, adoro, adoro, adoro, mas é a ser o Ramsey. Um dia destes arrisco um livrito - achei piada a um que vi e que refere "Reciepes from the F word"... mas talvez a foto abaixo reavive a vossa memória {#emotions_dlg.evil}:

 

e olh'aí o subtítulo do livro de que falo:

também acho imensa piada a este gajo:

Ainsley Hariott é é um cozinheiro de mão cheia. Este livrinho parece-me bem, mas só dá para adquirir na Amazon, mesmo...

 

E depois, não consigo deixar de referir este "weirdo"...

O senhor, para além de Chef, é um conhecedor de "25 estrelas", e palpita-me que é quase uma sorte estar ainda vivo, depois da quantidade infernal de intoxicações alimentares que já teve... Anthony Bourdain é uma pessoa que não deixa ninguém indiferente, podem verificar isso neste livro .No domingo passado (penso que na Sic Radical) um episódio de "No reservations" provocou-me um pesadelo. Eu não sou facilmente impressionável; e perguntam vós: é possível um programa de viagens e gastronomia provocar pesadelos? É.Tout court.

 

Por aqui me fico.

 

B'jinhos e bom fim-de-semana a todos!

 

P.S: além dos url sublinhados, clique também nas fotos para descobrir curiosidades várias, e/ou como comprar/pesquisar preço e afins doa livros referidos, etc. Experimente que a viagem é interessante =o))

Qua | 15.06.11

Como a má adaptação de um titulo pode fazer perder um grande filme...

Fátima Bento

Por isso, ontem senti mesmo necessidade de sair de casa, estava com vontade de pôr o pé na estrada e ir até ao fim do mundo! Acabei por me contentar em ir ao cinema - há meses que não o fazia - e entre os filmes disponíveis no horário que me convinha optei por ir ver "Trust-Perigo Online". Sobre o filme tinha lido uma ou outra crítica nada abonatória, mas a presença de Clive Owen deu-me segurança suficiente para não recear um mau filme - não me lembro de ter visto um que mereça tal carimbo filme com a sua participação.

 

 

Apesar da sinopse do filme não agurar mais de que uma fábula tipo capuchinho-vermelho-dos-tempos-modernos, [ideia só de si assustadora] tipo faz-o-que-te-disserem-acredita-nos-teus-pais-e-não-questiones, à boa maneira das mentalidades red-neck americanas... de bilhete na mão e com a 'cenoura Owen' na ponta da corda pendurada na frente do meu nariz, lá avancei sala adentro e ocupei o meu lugar.

 

Então, é assim: a adaptação do título para a versão portuguesa é tristemente redutora. TRISTEMENTE REDUTORA. É assim como se fosses ver uma exposição de Picasso e te dissessem que ias ver borrões de tinta (sinto-me suficientemente à vontade para usar este paralelo, já que nem sou grande fã de Picasso...). E tu entras, vês, sais, e o que é que respondes à pergunta o que viste? Provávelmente borrões de tinta. Podes até desenvolver um bocadinho, falar sobre o que viste, mas estarás condicionado pelo pré-conceito de que se tratariam apenas de borrões de tinta.

 

Ou seja, com esta retórica, o que quero é fazer um apelo: deixem a ideia "Perigo Online" na gaveta e peguem em "Trust". Sim, "Confiança" - porque diabo dar uma volta tão grande a uma coisa tão simples como a tradução deste título? Podia aventar teorias, mas isso agora não interessa nada...

 

O filme é muito bom. Melhor de que o rating do IMDB, que lhe dá 7,4/10 - o que nem é nada mau.

 

plot parte de uma familia americana de classe média, casal com três filhos, que vê a vida virada do avesso porque a filha de 15 anos é violada por um predador sexual que conhece na Internet. E o título da distribuição portuguesa acaba mais ou menos aqui: passa-nos a ideia de que não nos devemos encontrar com estranhos que conhecemos na net, não devemos entrar no automóvel deles, não devemos aceitar lingerie de presente, não os devemos acompanhar a um hotel, principalmente se temos 15 anos e o alegado rapaz de 15 anos, que afinal tinha 20, mas não lhe tinha querido dizer que tinha na verdade 25 porque "não a queria afastar", tinha afinal 35 e esperava que "ela tivesse maturidade suficiente" para encarar a realidade, e bla-bla-a-canção-do-bandido e coiso. E não-devemos-contornar-os-conselhos-dos-mais-velhos-quendo-somos-uns-jovens-inconscientes, porque acabamos por tansformar a vida de todos - e a nossa - num inferno.

 

FIM.

 

Mas a verdade é que não. Não é o fim: é, isso sim, o início. Porque é a partir desta ocorrência que o filme começa na realidade. É a partir deste momento que as emoções começam a emaranhar-se, que se começam a criar teias de suspeição, de engano e decepção que assentam únicamente e só na confiança - e falta dela. Tal como logo à partida a ligação de Annie com Charlie era baseada numa confiança que se foi diluindo a ponto de nada mais restar de que uns fiapos a que Annie se agarra para não naufragar na evidência de ser possível tamanho 'decievement'/engano por parte de alguém que à partida tinha sido merecedor de toda a sua confiança. E esse é o início da primeira descida a pique nessa montanha russa.

 

Quem deve então ser fiel depositário da confiança em jogo? Deverá o pai depositar inteira confiança na adolescente que "se deixou violar" por um desconhecido que conheceu na net sem que lhe tivesse ocorrido pedir ajuda? Depois de ler as trascrições roubadas ao FBI - em clara quebra de etica/sigilo/confiança, quebrando o inviolável direito à privacidade de Anna - que o fazem duvidar da integridade moral da filha? E deve esta duvida sequer existir? O mesmo pai que está demasiado ocupado com o trabalho noite dentro para escutar os desabafos da filha, "atirando-a" para 'os braços' do confidente online, a 'unica pessoa com quem a mesma pode contar' ou assim pensa. O mesmo pai que, enquanto a filha se estilhaça por dentro, se consome no ódio que reflecte no prepetrador da traição a que ele próprio a confina quando verifica o telemóvel quando esta dorme. Que esquece, em meio a este turbilhão de emoções que o consome, que o ponto principal e fulcral da estória é a filha, não o violador, é a confiança entre todos os elementos que vai sendo sistematicamente quebrada, do inicio ao final da trama. A ponto de, estando o pai em casa a filha irromper intempestivamente escada acima e este, apesar de perceber que alguém entrou, nem sequer pensar em ir verificar quem e como o tinha feito.

 

Um elemento que surge ao longo do filme é o alarme da habitação que é ligado todas as noites, sendo usada uma expressão como "o forte está seguro". Só que o único alarme capaz de 'segurar o forte' é a comunicação interínseca, a capacidade de empatizar com o outro, dar o passo atrás e ver 'the bigger picture'. É, tão fácil - e tão difícil - como confiar, acreditar no outro e em si mesmo.

 

Mais um pormenor interessante é a luz do filme. A obscuridade - do ódio, da desconfiança da dúvida - começa às tantas a dar lugar a claridade - uma claridade dolorosa já que põe a nu as verdades a que se escusam enquanto tal não se torna inevitável e incontornável.

 

Posso adiantar, penso que sem que necessite de deixar aqui um aviso de 'spoiler alert', que no final emerge o evidente, como gosto de pôr, os personagens confrontam-se com a sua nudez emocional. E é aqui que começa tudo: acaba o filme com a promessa de recontrução.

 

 

 

Simplesmente brilhante{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}

 

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