Ontem foi um dia sui generis. Acordei com o telhado todo, e não tinha nem uma telha partida, tudo tão novo que até estava resplandecente! Sabem aqueles dias em que uma pergunta simples como "mãe, sabes onde está a escova o cabelo" dá direito a 20 chicotadas e começar a juntar toros de madeira para a fogueira da inquisição? Pois, um telhado DESSES.
Fiz o costume, que faço todos os dias, pela ordem de sempre, xixi-liga-citiz-dá-saqueta-às-gatas-tira-ristretto-pega-no-iogurte-ruma-à-sala-senta-no-sofá. A seguir, duas alterações: ao invés de me afundar nas almofadas a sentir o que geralmente lamento em voz alta: 'tou tããããããooooo cansaaaaaaadaaaaa (isto aí às oito e meia, acabadinha de saltar da cama, mas juro que os meus últimos dias têm sido todos assim), foi mais um bebe lá essa merd@ qu'inda tens de ir tomar duche e lavar o cabelo e só tens hora e meia até saíres para a consulta. E em vez de, em seguida a afundar nas almofadas e lamentar-me, ligar o computador, era o ligas, que não tens tempo, gaja, não tens tempo.
E não me perguntem como foi que os c*brõ*es dos 90 minutos desapareceram (o mau humor devia ser tanto que deram de frosques), que quando dei por mim estava no carro, cinto posto, a virar à esquerda na rotunda em obras no fundo da rua, a caminho de Setúbal.
Pois que sim, que fui pela nacional 10, e claro que apanhei camiões a 20km/h, e, muito pior, cagalhotos conduzidos por bostas com olhos que ainda não descobriram que o Opel Corsa de 1970 dá um nidicho mais de que 40 à hora numa estrada onde habitualmente vai tudo a 80. Mas, pronto, eu atrás do volante relaxo, e só me ria dos caramelos idiotas que vinham atrás de mim a rogar-me pragas por ir a pisar ovos, já que não conseguiam ver o corsa com 500 anos e eles, tadinhos, cheios de pressa - até parece que tinham hora marcada para estar no hospital, e tudo... - terem traço contínuo, ... é claro que à primeira hipótese, zunga, que me ultrapassaram todos. Mas como o traço contínuo recomeçava "já ali", ficaram entre a je e o corsa. Eu reduzia a cada ultrapassagem para manter a 'distancia de conforto', que não gosto cá de colanços, e eles todos coladinhos uns aos outros, encostadinhos ao corsa, e eu a rir, ah era eu qu'era lenta, não era?
Cheguei ao Hospital, estacionei num lugar demarcadinho no chão, entre um carro branco - à esquerda - e um antracite - à direita (este pormenor é importante, OK?) - e lá fui à minha vidinha. À uma e picos, quando saio, desço até ao carro e, hole and behole, a lateral direita do bólide tem um arranhão de uma ponta à outra, aí com dois centimetros de expessura, AMARELO.
As minhas reações e pensamentos em frações de segundos, foram:
- Não acredito nisto (nesta altura já me tinha passado a fase de dizer/pensar palavrões*);
- Mais um p'à colecção...
- Estou fadada a andar com um carro todo marcado;
- PER'AÍ, COMO é que alguém conseguiu fazer isto AQUI???
- Car@lh....., que já me fod...... o carro todo (*afinal ainda não tinha passado...)
Raspo um bocadinho com a unha e a coisa começa a soltar-se. É que vais já à máquina, com pré-lavagem manual, sem passar na casa da pertida nem receber 200 euros!!
Saio do hospital, faço a Nac 10 outra vez, mas sem camiões nem cagalhotos - yessy!!!!- e lá vou até à Galp do costume lavar o carrito. Pois, deve ter saído aí 50%, o que nem foi mau - mas não podia ter saído tudo, não? NÃO???? - como verifiquei no estacionamento do Continente, onde fui comprar pão, uma alface e a Máxima.
De seguida, arranco para a escola do rebento pra comprar os papéis para a matrícula, onde fico 70 minutos numa fila, com uns saltos de 12 cm (soubera eu que havia fila, que até tinha um par de sabrinas no carro...). Quase que chorava quando me vi c'os papéis na mão, e foi aí que me pediram €15 pela papelada (!!!!!!!!!!!!!!!!!) APESAR DO ENSINO OBRIGATÓRIO SER GRATUITO, até ao 9º ano, e ser ilegal cobrar pela matrícula - por isso é que cobram pelas fotocópias, perdão, impressos, duh! Nem piei, com a dor nos cascos a chegar aos miolos, eu queria era chegar ao carro e enfiar as sabrinas! Paguei e vim-me embora, pianinho.
Decido fazer uma última paragem num Spa que abriu este sábado e de que falhei a inauguração porque o pikeno fazia anos, para agradecer o convite, dar um beijinho à dona, e uma lembrança de boa sorte. Marquei um tratamento, e vim-me embora. Cheguei a casa às 17:50h, mais-que-morta.
Escusado será dizer que o jantar foram wraps de camarão e delicias do mar, coisa fantástica de fazer, já que não é preciso nem chegar perto da placa ou do forno.
Entre uma coisa e outra, ainda fui ao carro usar as minhas defuntas 'nine inch nails' (salvo seja) e lá acabei de raspar a tinta. Ficou riscado (do trabalho que o dono do veículo amarelo que-vai-passar-três-dias-sem-sair-da-casa-de-banho-com-uma-valente-caganeira fez, não do trabalho feito com as unhas) mas vai disfarçar bem com massa de polir - e isso eu já deixo p'ó Vitor, que eu com aquela coisa nas mãos pareço um puto da creche com digitinta... o carro fica completa e assustadoramente às manchas estranhas...
Depois, e enquanto tentava ver o Listener na Fox (não me perguntem bem porquê, o episódio até já tinha dado, mas eu ontem às tantas já nem pensava), tratei de cortar as unhas, que já estavam a partir, mesmo antes de raspar a tinta. Mas como já tinham cumprido as sua função, rip! =o))))
E já passava da meia noite quando, finalmente, adormeci, e dei o dia por acabado!
Ãhn? Não é p'a toda a gente (graças aos deuses...)... chiça!