Perdemos. E daí?
Não me coíbo de dizer o que penso, como o penso e quando e penso.
Um 'tens azar na vida' é uma desculpa porreirinha para me deixar com pena de mim, a lamber as feridas, 'coitadinha que tudo me acontece'. Ao invés, posso perscrutar o ocorrido e descobrir onde tomei uma decisão errada e o que tenho de alterar para não repetir o comportamento que tem gerado esse so called "azar". Porque, no final, eu sou responsável pelo meu azar, doa a quem doer.
Já aqui bati na Selecção à conta do seu mega ego e do black out de birra que ostentaram. Honestamente, ontem antes do jogo começar passou-me assim pela cabeça, válhamosanto, se eles ganham o europeu vêm para cá de queixo erguido a dizer 'viram, viram?' Este pensamento passou em rodapé, e eu arrumei-o num canto.
Depois veio o jogo, e a confirmação de que a equipa jogou coesa e foram mesmo 11 por um. Jogaram em campo determinados, e atacaram tanto quanto possível. Devemos ter batido o recorde de remates, infelizmente todos falhados. Ronaldo tremeu mais de que uma vez frente a Casillas.
Então, o que correu mal?
Jogámos a doer, até ao fim? Perdemos porque o nosso guarda balizas não a guardou convenientemente? Não. Perdemos porque
não marcámos
nos 90+30 minutos anteriores.
E aí não existiu azar. Aí existiram nervos? Em alta competição os nervos podem existir, mas não podem atrapalhar. Os jogadores são treinados até à medula e têm jogos suficientes no lombo para terem a obrigação de dominá-los.
Ideal seria fazerem uma introspeção e descobrirem o que tem mesmo de ser mudado no ESTAR de cada um - a começar no senhor Paulo Bento e na sua teimosia militante.
Digo eu, que de futebol percebo pouco, que seria uma boa aposta começarem por depositar a vaidade dentro duma caixa de valores, deixarem-se de mordomias astronómicas, e prepararem-se
MESMO A SÉRIO
para os jogos. Era não era?
Daqui a dois anos temos o mundial. Será, perguntam vocês, que aprenderam alguma coisa com este episódio?
Eu cá já sei a resposta.
E nem consigo, da vero, criticá-los: ao aterrarem no Aeroporto de Lisboa espera-os um multidão em êxtase, êxtase que se vai instalar à sua volta nas próximas duas ou três semanas, findo esse tempo, já estão a frio e não há nada para meditarem sobre.