Ídolos: Palavras para quê?





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Pois 'tou. E recomendo-me vivamente .
Hoje foi mais um dia de leva e trás, dado que o meu doente esteve internado uma semana, e teve hoje alta. Fui buscá-lo ao HGO, levei-o a casa, aviei as receitas de hoje, fui a Centro de Saúde combinar o atendimento ao domicílio, pedir outras receitas, e lá voltei para casa. OITO HORAS depois de ter saído.
Ui.
E hoje é o primeiro daqueles dias que acontecem todos os meses a pessoas normais, e que acontecem quando lhes dá na bolha, a pessoas como eu. E como só lhes dá na bolha de quando em vez,
quando dá é a doer.
Mas prontx. O meu querido doentinho estava todo pimpão, bem disposto e kido. Que é o que se quer.
Já volto para falar sobre o meu tema da semana, afinal de contas, o Ídolos acabou no domingo.
Mas disso falo mais logo, que agora tenho de levar o filhote ao cinema.
Inté.
Terça-feira, na volta do hospital, cansada que nem uma lontra, da véspera+manhã, dirijo-me ao Almada Fórum para ir buscar ração e saquetas para as gatas. Para aproveitar a viagem, ainda espreito a Fnac, nem sei bem para quê, mas dou comigo na caixa de cd na mão.
- Ah, Pablo Alborán!
Sorrio meio embaraçada, não pela escolha, mas bastante consciente da minha aparência
(belhec)
e digo que estou a comprar mas ainda não ouvi.
- Vai adorar! diz-me o miúdo, sorridente. Ele teve mais sucesso aqui que na Espanha! Até lhe vou dizer qual é a que vai gostar mais, enquanto verifica o encadeamento das faixas, é a perdona-me. Na Espanha, nada, aqui, olhe, aqui é assim como o Tony Carreira!
Incrédula, olho para o cd (será que nõ me vou arrepender?), olho de soslaio para o meu interlocutor, sinto um estaladão na face direita, e respondo bem, Tony Carreira não faz bem parte da minha lista de favoritos...
A serio?, responde o mocinho a afiambrar-se ao segundo estaladão, a minha mãe é louca por ele, adora! - trás! Toma lá que já levaste!
Ou seja, em 24 horas passei de lady a senhora com cara de fã de Tony Carreira.
Sinto-me num luau a dançar o limbo... (how low can you go... how low can you go...)
Ohhhhh céééééuuussss!!!!!
Mas palavra de honra, cada vez que me lembro do diálogo, escangalho-me a rir.
Haja quem me faça rir!
Fim de tarde e noite - até às 23h - passada entre batas às riscas fininhas azuis e brancas, todas brancas com o estetoscópio atravessado na nuca, scrubs brancos e 'azul safira'(?) 'verde turquesa'(?) (juro que nunca consigo classificar aquela cor), e batas amarelas. Gemidos, gritos, ai mãezinha mãezinha por uma senhora cuja progenitora já deveria ter partido há mais de uma década, mas que continuava a ser invocada. Um surfista com uma queda mal dada, colar cervical e namorada por companhia, dois putos sem noção do que podia estar em cima da mesa. Uma mulher que toma valium diluído em um tudo-nada de água a arrepiar-se com o sabor - arrisco um 'se tapar o nariz, às vezes ajuda'. Meto uma palhinha na garrafa de água da senhora que chamava pela mãe tenho medo de me engasgar..., e levo-lhe a palhinha à boca, e ela bebe a olhar para mim enquanto o faz, quase com ar de criança, entre o surpreendido e o agradecido, e no final, depois de ter inserido a palhinha no celofane e lha colocar ao lado da garrafa, sobre a sua almofada, me dirige um terno 'muito obrigado minha senhora', que me deixa um bocadinho atordoada, válhamosanto que agora é que se acabou de vez o menina. Um rápido olhar dirigido ao espelho - as olheiras a ultrapassarem claramente as maçãs do rosto, a total ausência de qualquer tipo de maquilhagem, a roupa que quando vesti ainda assentava tipo 'é c'umó'utro, escapa' que agora fazia um pneu mais acima do habitual, tal e qual como se tivesse dois pares de mamas, sem tirar nem pôr - ter-me-ia dito sem palavras 'aí tens, senhora até é um elogio'.
O 'meu doente', de quem eu era acompanhante oficial, quedava-se sentado numa patética cadeira de rodas que só tinha apoio para um dos pés, e esperava pelo enfermeiro chamar para as análises e o TAC, depois de ser visto por um médico amoroso que devia andar medalhado com a indicação médico #1, que faz mesmo-mesmo-mesmo acreditar nestas pessoas que trabalham pelos outros. Depois as análises, feitas por um enfermeiro dedicado e brincalhão (sim, há enfermeiros brincalhões nas urgências!) e depois o transporte para a sala de TAC por um maqueiro que conversava com o meu doente ' S.B., já cá esteve, não já, o seu nome e cara não me são estranhos'..Seguiram-se três horinhas à espera de resultados, e eis senão quando o médico nos procura e, para encurtar, voltámos lá hoje. Saímos de casa às oito, saímos do HGO às 11:30h, deixando o S. internado para amanhã refazer a nefrologia, e estando prevista a alta para mais tarde.
Está provado que a gente não se habitua nunca a estas situações -
e no dia em que nos habituassemos,
se tal fosse possível,
estaríamos muito mais perto
das bestas que dos homens...
... da quantidade infinita de temas que eu tinha alinhados na mona para desandar a escrever quando abrisse o editor do sapo! Meninos e meninas, material para duas semanas no mínimo!
Depois ligo o pc.
Abro a net.
Clico no shortcut do editor
Escrevo o email, digito a password e ativo o blogue.
Clico em novo post.
***pufff***
É por estas e outras que ando a precisar de vitaminas para o sótão. E ainda por cima ando mais disléxica...
Ui.
... é que só podia...
Hoje (e porque por duas horinhas fiquei sozinha, pelo que posso passar uma de volta do teclas), sinto-me inspirada pelo tema recorrente a alguns destaques: a crise. Já escrevi aqui a importância que o dinheiro tem na minha vida, que é pouca. E é sobre isso que o pessoal se vai debruçando quando fala na crise: do que é e não e importante, do contentar-se, não necessariamente com menos, mas com coisas diferentes (e essa é a grande virtude desta crise económica).
E acho recorrente uma coisa: todos exaltam a virtude de não ter créditos - neste discurso, a prestação da casa não se vê como um crédito, mas como uma necessidade, pelo que é como se não o fosse de fato.
Lê-se pouco de pessoas que assumam ter créditos e andem a subir paredes para não entrar em incumprimento, porque assumir isso é o equivalente a levar com a seca frase: não te metesses neles. Ou seja, a sentir-se culpado até a medula.
O que uns - os de dedo em riste - e os outros - os que são apontados - têm em comum e a falta de memória e a idade.
Acusadores:
20-30 anos
solteiros
casados sem filhos
(ou com um filho pequeno)
ou
idade >55 anos
Acusados:
idade: 30-50
casados
dois filhos (ou mais) de idades >12<25
Os uns
Claro que há exceções. Mas o normal é que as pessoas mais velhas, que passaram pelo antigo regime e se habituaram a poupar, e/ou passaram por necessidades que hoje mal imaginamos, nunca se tenham sentido atraídos pelo crédito fácil, e tenham estoicamente resistido ao dinheiro posto na conta sem ser pedido, a cartões de crédito a atafulharem a caixa do correio só-à-espera-de-ser-ativados, e todos os 'ataques' agressivos de creditarias que nos interrompiam o sono com chamadas a oferecer dinheiro.
Os mais jovens não tinham ainda idade (nem necessidade) de entrarem na roleta do dinheiro barato (em grande parte os pais fizeram-no por eles). Entretanto já avisados pelos sinais dos tempos refrearam-se um pouco, e não conseguem hoje entender por que cargas d'agua é que tanta gente 'vendeu a alma ao diabo' a troco de dinheiro. Ainda para mais porque uma vida em comum iniciada à pouco tempo ou um filho pequeno ainda não pesam o suficiente para lhes desenvolver empatia.
Os outros
Os que têm dívidas de créditos pessoais, de cartões de crédito, e mais o que vos ocorrer, entraram na roda livre um pouco atordoados. Não se previa qualquer crise. As pessoas acreditavam poder cumprir. Era um boom à americana que se antecipava: o dinheiro gerava consumo, o consumo gerava trabalho, o trabalho pagava as dívidas desse consumo. Até que uma das premissas da equação quebrou, e deixou de haver dinheiro para pagar o trabalho que pagava o consumo. E a bola de neve desse consumo já era impossível de travar, e as mensalidades continuaram a bater à porta, ou à caixa de correio, ou à conta bancária, na data e hora habitual, independentemente da situação profissional de cada um.
Salvam-se, de fato duas coisas boas desta crise: a geração seguinte não irá repetir os erros desta. As pessoas estão a descobrir que é possível
substituir o verbo ser ao verbo ter
(mas como o ser humano tem memória curta, quando as vacas voltarem a engordar, esquecem a importância do 'ser', como já aconteceu através dos tempos)
E por ora, as famílias vão continuar a abrir falência para poderem sobreviver.
O mileurismo cá em casa também funciona para três. Mas para quantas famílias não chega nem para pagar as despesas?
Todos deveriam pensar nisso antes de serem simplistas, redutores, e antes de olharem a floresta sem pararem para pensar que é composta por (muitas) árvores.
Pois que devia saber melhor. Como disse Einstein, a maior prova de estupidez é fazer vez após vez a mesma coisa e esperar resultados diferentes. Ainda para mais dentro da mesma entourage, não só com os mesmos personagens, como com os mesmos atores – daqueles que estragam não só os personagens como - e principalmente - o guião.
primeiro
quando nos delegam uma tarefa, não é de esperar que vão de volta à casa da partida, ou quase, verificar a veracidade do nosso relatório;
segundo
partindo do princípio que até deixamos passar a ‘humilhação’, seguimos para bingo com o fato de ser necessário tomar e comunicar uma decisão, coisa que foi assegurada a quem deu garantias do relatório estar realmente correto;
chegada a hora H do dia D
pois que se decide recuar no acordado, e quem vier atrás que feche a porta. Pior, quem ‘vem atrás’, que até começou à frente por conta da falta de tempo dos outros ouve coisas como ‘eu percebi o que queres’ , coisa díspar e sem sentido…
inevitavelmente
deste desarrazoado um bocadinho de auto-estima ergue-se e empurra-me porta fora, salve-se quem puder deste manicómio, e a primeira sou eu. Por que dei, dei, dei, porque estava disposta a dar, dar, dar, e o reconhecimento é este.
Ínterim:
A situação era delicada
Pois era. Fui eu que recebi a notícia da gravidade da mesma, que andei a passar relatórios… SEI MUITO BEM da gravidade da mesma.
Estava toda a gente nervosa
E eu, não estava? E eu não ando vai e volta à nem sei bem quanto tempo, a minha cabeça não tem estado 24/7 a marinar o assunto, a virevoltear cenários, a pensar e repensar a inevitabilidade de tudo isto?
Moral da estória
- ou o que aprendi por ser assim, ter agido assim e isto ter ocorrido da forma que se viu: já chega. Tenho de me dar o valor que tenho, já que todos à minha volta continuam a usar e abusar. Pôr o coração ao largo e viver a minha vida.
É que posso ter uma vida pequenina.
É que os meus miolos até podem passar algum tempo num Tupperware no frigorifico para não se estragarem à falta de uso, mas, e apesar de nivelar a coisa SEMPRE por baixo
NÃO SOU BURRA NENHUMA,
NÃO MEREÇO ESTE TRATAMENTO
E como tal vou começar a mimar-me. Já chegou a altura de cuidar de mim como cuido dos outros, que se vão borrifando para os meus esforços, uma e outra vez.
Já tinha mencionado, que no meio disto tudo, tenho o melhor marido do mundo? Não?
Pois que tenho.
O melhor do mundo.
Quanto ao resto, tenho pena. Tenho mesmo muita pena, mas as coisas são como são…
A Inês chegou na sexta, pelas 15 horas, ao Parque das Nações, via Faro. Tomámos um café e seguimos para o hospital.
Chegamos a casa, e lgo depois fomos jantar fora com o meu pai, que estava cheinho de saudades da mocinha!
Ontem os manos foram almoçar e ao cinema. Ainda estive com eles durante o almoço, mas as tantas vim-me embora, e eles depois do filme vieram a pé, o que só lhes faz bem. O avô Zé jantou cá em casa. À noite, vimos a Aurea, que a Inês não conhecia, e agora quer ir à Fnac comprar o cd+dvd.
Hoje, foi almoçar com quatro amigos, vamos ao Hospital no final da tarde, e jantamos na avó.
Amanhã está alinhado praia de manhã (eu cá não sei se tenho estofo...) e uma ida ao Dolce Vita de tarde (que cá para mim vai ser uma ida ao Almada Fórum, que a temperatura sobe 5º de hoje para amanhã, e isso pode influir a minha 'capacidade' de condução). Na terça, é dia para os amigos, quarta regressa. Ou seja, estes dias vão passar num sopro...
Hoje de manhã, depois de tirar o café vou ao pote do açucar, e encontro-o vazio. Mentira - no fundo encontrei isto: