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Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Qua | 26.12.12

Do Natal: afinal o que é que resta???

Fátima Bento

As minhas melhores memórias de infância são dos natais. Não éramos muitos: os meus pais, a minha avó, eu e a minha irmã. Mas  minha mãe imprimia uma atenção, carinho, quiçá ternura à quadra, que fazia toda a diferença.

Começávamos cedo, por ir comprar os enfeites daquele ano, coisa que fazíamos nos Grandes Armazéns do Chiado e Grandella. Bolas, 'lágrimas', sinos em vidro colorido, e mais uma ou duas personagens para enriquecer o presépio. O pinheiro era escolhido por nós e cortado pelo meu pai no que agora seria considerado uma afronta ecológica num local onde agora já nem existe um único pinheiro, substituídos que foram por construções... 

Depois, enfeitávamos a árvore, desembrulhando todos os enfeites dos natais anteriores do seu papel de seda, manuseados como se fossem jóias, não fosse algum partir-se. E seguia-se o presépio, com os seus lagos de vidro espelhado encimados por pontes de barro colorido, casinhas, pastores, dezenas de ovelhas, e o estábulo, com, no centro, o menino Jesus mais delicado do mundo, nos seus 2 cm de corpinho e palhinhas.

Mais perto da data, subíamos a Rua do Alecrim, descíamos a Garret, e deliciavamo-nos com os bonecos movidos a eletricidade nas montras dos Grandes Armazéns.

No 24, acordava com o cheiro a aguardente que saia do gargalo de uma garrafa de vidro branco que tinha um rótulo com o desenho de uma lareira, diretamente para dentro o alguidar em que a minha avó amassava os sonhos a murro, sonhos a que ela chamava filhós. No final da tarde, o cheiro dos fritos invadia o ar, e era tão bom comê-los ainda quentes! O dia acabava com um sapatinho na chaminé, e a oração a pedir presentes.

A meio da noite éramos acordadas - o pai natal chegou, o pai natal chegou! - e em cima do fogão da cozinha estava um amontoado de presentes. Não me lembro se era difícil voltar a adormecer depois, só me lembro de tremer de excitação enquanto os abria.

Não me perguntem o que se comia ao almoço, ao jantar, que não faço qualquer ideia: a minha memória esgota-se nestas minudências

AGORA

O Natal é um dia. Ou pronto, se quiserem dois. No 24 é da praxe o bacalhau, as batatas e as couves - embora cá em casa EU não siga essa regra, e como sou eu que cozinho, vai de peito de peru recheado, e vai muito bem. À meia noite - que às vezes é  às 10 ou 11 horas, que há sempre alguém cheio de pressa para se "pôr na alheta", trocam-se os presentes: um de cada vez, só se abre o seguinte quando o anterior foi apreciado por todos. No final, é pôr os 'ganhos' nos sacos, e voltar cada um a seu ninho - este ano a sogra ficou a dormir cá.

O almoço de natal é com o outro lado da família - a minha sendo (atualmente)Testemunha de Jeová, não celebra, pelo que somos nós: eu, o Vitor, o puto e a sogra (agora).

E pronto. 

Uma semana inteira de trabalho que se consome em 3 ou 4 horas.

{#emotions_dlg.star}E a emoção, qual emoção? 

{#emotions_dlg.star}E as estrelas nos olhos, quais estrelas nos olhos?

{#emotions_dlg.star}E as surpresas, quais surpresas? (hoje em dia não há como fazer surpresas, se calha ser o presente errado, é o cargo dos trabalhos...)

- Por isso, de ano para ano me sabe, cheira e sente cada vez menos a natal;

- Por isso, eu que adorava fazer embrulhos, compro sacos de papel;

- Por isso, há três anos que não espalho decorações de natal pela casa, e há dois que nem árvore faço;

- Porque o natal não é isto.

E o Natal não se compra. O Natal está cá dentro (ou não está, de todo).

E digam-me o que disserem, este ano só vi, em todo o lado, cascas vazias.

E NÃO, "o Natal não é (suposto ser) um dia como os outros".
P.S: nem comecem a dizer que se é tão importante para mim, que o transforme nisso: há um ror de anos que me esforço nesse sentido. Esforço a sério. Agora cansei-me. Chega.
Qua | 26.12.12

Uma única musica?

Fátima Bento

Esta:

Quanto mais não seja porque era a canção que eu cantava aos meus filhos - para o mais pequeno adormecer e a maior ouvir.

E fazia-o porque cada letra que compõe as 'lyrics' está gravada no meu peito a ferro e fogo.

Só por isso.

(se quiserem espreitar de onde vem, cliquem aqui)

Sex | 21.12.12

Ok...

Fátima Bento

Por aqui o Espírito Natalício anda pelas ruas da amargura. Habitualmente já está tudo decidido meses antes, comprado ao longo dos mesmos e embrulhado uma semana antes. 

Este ano

Amanhã ainda vou comprar um presente. 

Ela: o que damos ao teu irmão?

Ele: Qualquer coisa para os dois, para a casa.

- é pá, dava-me mesmo, MESMO jeito uma sugestãozita detalhada sobre o "qualquer-coisa" em questão. Uma ideiazinha, sei lá.

Assim, amahã vou para o Continente à procura de uma qualquer-coisa. Wish me luck... e paciência, muita paciência. 

Mais grave:

Este ano até estou mal disposta com um principio que deitei pela pia abaixo sem me esquecer de depois puxar o autoclismo:

a prenda do puto é guito.

Ora, eu

1. sempe disse que não concordo com oferecer dinheiro;

2. sempre critiquei oferecer dinheiro;

3. sempre disse que nunca ofereceria dinheiro a ninguém...

 

... até agora.

Se me apanho a 26, nem acredito.

P'ó c@coiso o Natal e mais esta gaitada toda!

Irra!

(acho que é oficial, deixei mesmo de gosta do Natal. Coisa mais triste...)

 

Ter | 18.12.12

Puf, puf, puf...

Fátima Bento

Ih, hoje para sair da cama foi quase preciso uma grua!

Ontem fiz (quase) tudo o que tinha de ser feito:

Comecei a manhã em Setúbal, consulta de psicologia. Voltámos, deixei o pikeno em casa e fui ao Dolce Vita, à Primark, que o puto quase que não tinha roupa: obviamente, com €79 (ui) trouxe uma quantidade bastante razoável de coisas. E ainda deu para trazer duas coisinhas para moi... saí e 'ó que lá vai ela' para a IKEA. Como estava a chover, e nestas coisas, sem GPS, basta fazer um zig em vez de um zag para dar por mim sem saber onde estou, enfiei-me dentro de Lisboa ('porquê?', perguntam vocês? quando descobir a resposta conto, sim?) e dei voltas. E voltas. E com a chuva que caíu ontem todo o santo dia, andei, mas bem de-va-ga-ri-nho, que os acidentes sucediam-se numa quantidade impressionante - e cada um mais aparatoso que o outro. Ontem, toda a policia que havia estava na rua. Irra!

Às tantas, lá vejo uma placa a indicar IC19Sintra, A2 Sul, e 'ah, qu'é aqui!'. E, caroço, era. Foi só ir a Monsanto dar a volta à rotunda para ficar do outro lado da estrada (a minha cabecinha já estava tão em papas, que mais um bocadinho e não acertava na saída... vai lá vai...) quando me vi no lugar devido, até me deu uma tontura de alívio.

No Ikea, parecia o Speedy Gonzalez: direto aos sofás (papelinho na mão) às cadeiras (aponta  lá a referência), pega nos peluches para a Unicef, desce,

NÃO OLHA PARA OS LADOS

nos acessórios de cozinha, pega em duas almofadas para o sofá, 

NÃO OLHA PARA OS LADOS

nos acessórios de escritório, cesto novo para a roupa suja, 

OLHA PARA A FRENTE

tira carrinho grande e vai levantar mercadoria. Paga e vai levantar o resto, tira senha e vai tratar da entrega. Paga a entrega.

Vai à loja sueca. Compra uma couvette de doces de marzipan. Tira uma garrafa de agua que vais apanhar fila.

E que fila! Começava em Monsanto e terminava na ponte. Mais de uma hora - mal por mal estava na direção certa!

Do lado de cá, passar no hipermercado, fazer as compras de natal da sogra (bombons X 6) e alguns ingredientes para a ceia.

Sai de casa às 8:20h, entrei em casa às 17:35h. Não sentia os pés (nomeadamente o esquerdo) não por andar, mas por carregar nos pedais. Esta noite dormi como um bebé.

Agora... bom, tendo em conta que o meu pikeno não está com intenção de se levantar, vou preparar-me para ir ao outro hipermercado + ir comprar a prenda da filha + ir busca café, e às 14h, terei aqui os senhores da IKEA de sofá em riste.

E não saio de casa o resto da semana (digo eu...)

Sex | 14.12.12

Coisas boas de 2012 - parte 1 - um objecto

Fátima Bento

Eu sempre disse que quem gosta de livros tem de os ler e ter em papel: ele é o cheiro, o virar a página, as lombadas todas desalinhadinhas nas estantes! Sempre sonhei em ter uma sala-biblioteca com estantes do chão ao teto carregadinhas de horas e mais horas de leitura, com um cadeirão de orelhas e um candeeiro de pé alto, mais uma otomana para descansar os pés.

Estão a ver o filme?

Então, em Maio passado, no meu aniversário a minha filha fez questão de me oferecer uma prenda marcante, e eu pedi-lhe um reader.

Ela achou que o Kobo era lindão, e eu recebi um prateado.

Em que é que o reader mudou a minha vida para melhor?

  1. É pequeno
  2. Leve
  3. Cabe em qualquer carteira
  4. Consigo lê-lo na cama toda tapadinha, só com uma mão de fora (!)
  5. As obras são um nadinha mais baratas e - o melhor! -
  6. encontram-se muitas gratuitas (mesmo gratuitas, não estou a falar de piratas)

Então e a biblioteca cheínha de livros, dona Fátima?

Pois que sim, claro.

A diferença é que agora, as obras que compro são selecionadas para caber em duas categorias: as 'material para papel', e as 'material para reader'. Há 'N' livros que não compraria nunca em formto digital (ou pelo menos, mesmo que o fizesse, acabaria por ir buscá-las em papel). Não imagino Lobo Antunes sem ser palpável, folheável, cheirável. Para mim a sua escrita é demasiado sensual, na medida em que me desperta todos os sentidos, para ser lida num aparelhómetro eletrónico. 

Já E.L.James, não imagino sob outra forma que não num cartão de memória. E há uma míriade de escritores alguns com muitas aspas, que cabem lindamente no meu leitorzinho. Assim, deixam espaço nas pateleiras para os que, como L.A., me dão realmente prazer em ler, e reler, e consultar.

 

A biblioteca fica mais reduzida mas com maior qualidade.

Qui | 13.12.12

Cu vs Calças, parte 2

Fátima Bento

É incrível, as reviravoltas que um dia simples pode dar: à bocado estava 'a morrer' com uma crise de sinusite, com febre, dores de cabeça. mialgias generalizadas.

E depois fui à cozinha.

E pareceu-me que a porta da arca estava mal fechada. Abri-a e... é pá... liguei a máquina de café, fui buscar um alguidar para pôr o conteúdo das gavetas, mergulhei no cesto da roupa suja em busca de turcos - olh'à sorte de me estar a preparar para fazer uma maquina exclusivamente com os ditos (eu acho que tenho um bocadinho de OCD no que diz respeito a lavar roupa...), e peguei no secador de cabelo MAIS na marreta de bater os bifes - a minha é de madeira, se é que isso abona a meu favor....

Pus-me de cócoras em frente à arca aberta, e cá vai disto. Foi uma hora a dar-lhe, e bem, mas a coisa ficou feita.

 

Ou seja empurrei a febre e o mal estar com a cafeína e a adrenalina (a coisa estava bera, aquilo já nem era gelo, era NEVE), enquanto despachei o puto a douradinhos com arroz. Depois, 'caí para o lado', que nem as pernas sentia.

Neste momento, acabada de chegar da rua - fui levar o crianço à escola, e de caminho fui buscar o actifed - tenho a cozinha num estado indescritível. 

E vai daí óspois,

'tou a afiar o machado

senão daqui a pouco não consigo cortar aquela árvore... bem posso contar com uma hora inteirinha...

arghhhh!

E amanhã, como tenho de ir para Setúbal, também não posso ficar doente... vai sobrar para sábado.

Só pode...

- ou então, cansa-se de esperar e vai-se embora, e assim se finta uma crise de sinusite.

Será?

Ter | 11.12.12

Ai, é que tenho mesmo de perguntar...

Fátima Bento

Alguém me explica porque é que o número de visitas deste blogue caíu para metade desde que comecei a fazer o calendário do advento?

Bem, é que já parei!

A coisa estava a dar uma trabalheira, e tudo e tudo, e a cada post com a tag 'advento 2012', as médias baixavam. Escorreguei (isto é, falhei dois dias) porque tive uns maus dias, e agora, pitufas, acabou-se.

Prontx.

Ter | 11.12.12

Tanta coisa, caraças!

Fátima Bento

Admito:estou oficialmente em fase parva.

A fase parva caracteriza-se por ter dois caminhos possíveis: daqui, ou vou para cima ou para baixo.

 

Vamos tentar ser imparciais, aqui: 2012 foi (e não se anuncia que será muito diferente nos próximos vinte dias...) um ano 'do ca...mandro'. A serio.

Não falo de politica, ou de economia, não senhor: estou a olhar inteiramente para o meu umbigo. Canudo.

Da depressão mal medicada que me rendeu os famigerados 11-quilos-em-10-dias ao falecimento do sogro, passando pela depressão do filho e o stresse do vou-não-vou à escola (pelo terceiro anos consecutivo), vejo-me aqui.

Quero subir, acredito que vou subir. mas até agora tenho estado, assim como quem não quer a coisa, que nnguém dá por nada, a escorregar. Continuo (cada vez mais) quadrada, acalmo as ansiedades à força de chocolate, aquela no espelho sou eu, pois sou, mas não era.

Visto a roupa que me vem parar à mão, sem chocar as peças, mas sem entusiasmo - e uso a mesma vestimenta dias seguidos. Acessorizar é a última coisa que me tem passado pela cabeça. Os brancos já não espreitam... gritam 'presente' a plenos pulmões, e são muitos, são tantos mais que o ano passado por esta altura! A pele continua descartada para o último dos últimos planos, nem limpeza, quanto mais hidratação - e não vamos falar de make up, que é uma coisa que sei fazer, de que tenho tudinho do BB à base e pre base, do pó solto ao compacto, até ao que se conseguirem lembrar. Tenho.

Cara lavada, com sorte.

Digam-me: vou preocupar-me com o que visto porquê e para quê? Para ir ao hipermercado? Para atravessar a estrada e caminhar até ao Lidl para comprar qualquer coisita de que me esqueci no hiper? Para me enfiar no carro de manhã e levar-o-miudo-à-escola-e-voltar-para-casa? Ou para 'O  acontecimento social da semana', almoço em casa da sogra que consiste em sair de casa, entrar no caro, sair, entrar na casa da senhora, e o inverso?

Ah, estou a deixar de lado a visita ao hospital, no mínimo uma vez por semana.

Vale a pena?

Se calhar era fixe olhar para o espelho e gostar do que vejo, mas também posso não olhar. 

Estou cansada. Ando cansada há um, dois, mais anos.

Ás vezes só apetece mesmo dormir, dormir, dormir.

Estou muito farta. Por isso é que acredito que vou acabar por 'subir'.

A minha resiliência nunca falha.

Mas, canudo, é preciso tanta merda para inverter a forma como funciono por dentro (e será, pergunto eu aqui num cantinho escondido do fundinho de mim que consigo fazê-lo?)

E eis senão quando, chegada ao fim deste post, verifico que mandei a imparcialidade que arrogava no inicio, às urtigas.

(desculpem o desabafo)

NOTA:

Isto não é autocomiseração, não estou cheia de peninha de mim; estou é zangada, farta de andar em circulos desde que sou gente.

Que fique claro.

Prontx

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