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Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Qui | 28.02.13

"Em Parte incerta" - um post longo porque não podia ser mais curto. Pelo menos para mim.

Fátima Bento

“Um mau livro é um livro que conta uma estória”, António Lobo Antunes

 

Como milhões de pessoas em todo o mundo, comprei ‘Em parte incerta’ por ser, tão só e apenas, ‘O livro do momento’; ‘A obra de que se fala’; ‘O nº1 o New York Times’; ‘O livro do ano’, segundo o Observer…

Se toda agente anda a ler e a opinar, eu não quero ficar de fora. Às vezes sou assim tão infantil – e às vezes sou até mais um bocadinho: quero ver ou ler antes de toda a gente…

Parti de uma premissa perturbadora: a unanimidade. TODA A GENTE adorava o livro. Toda a gente dizia entrar num estado muito similar ao ‘síndroma de abstinência’ quando o acabava. Assustador, nada pode ser unânime - nem a mediocridade…

Comprei, então a versão original, ‘Gone girl’, para o meu reader.

E comecei-o. Devagar, que é como gosto para conseguir ver onde ponho os pés quando começo o caminho. Para sentir cheiros, adivinhar emoções.

Gostei logo da escrita, que nos arrasta (e a si própria) nas primeiras 100 páginas, ou isso. Gillian Flynn escreve com a cadência de uma raquete de ténis de mesa que bate numa bola presa ao cabo por um elástico.

Ping… pong… pong… tuc… POW… ping… pong… pong… pongpingpow… pong… ping… ping… 

e leva-nos atrás, naquela cadência quase hipnótica. E não devem ter sido poucos os leitores que, embora não o admitam, tiveram o secreto desejo de

a) não ter comprado o livro

b) não ter começado a ler o livro

c) não se sentirem na obrigação de continuar e acabar de ler o livro.

Eu senti-me suficientemente intrigada para nunca pensar em largar a leitura. Quem me arrasta qual peso morto por terrenos sinuosos merece, no mínimo, o meu interesse.

A trama consiste, no desaparecimento de Amy, no dia do 5º aniversário do seu casamento com Nick, e dos esforços subsequentes para a encontrar, viva ou morta. Para descobrir a estória por detrás do desaparecimento. Para descobrir quem, quando, como, onde e porquê.

Na primeira parte do livro, temos o relato do dia-a-dia de Nick, desde um nadinha antes de descobrirem a falta de Amy. E segue com o relato do primeiro dia, e seguintes. Cada capítulo de Nick é intercalado por outro, que consiste numa página do diário de Amy.

PING.

PONG.

Vemos os personagens por dentro. Vemos as suas fraquezas, a forma como tentam superar as dificuldades, o sentir-se perdido, temos contacto com as muitas formas que o desespero pode ter. Sem que nos apercebamos, realmente, que é disso que se trata, que é isso que está em cima da mesa de Nick, é isso que está por baixo da otomana de pernas para o ar, e da completa impossibilidade da mesma ser virada acidentalmente durante uma luta.

A segunda parte continua dividida com um capítulo para Nick, um para Amy, já debaixo de outros projetores, já com outras sombras.

É como se no início do livro assistíssemos a cada um dos dois protagonistas a entrar num lago de águas tranquilas e começarem a nadar calmamente à superfície. Volta e meia há uma cãibra ligeira, que vale um pirulito, nada mais grave de que isso. Algum cansaço, mas nada que uma rotação do corpo e algum tempo a boiar não resolvam.

 

Na segunda parte, torna-se cada vez mais difícil cada um se manter tão à superfície; Amy puxa-nos abruptamente para baixo e obriga-nos a ver raízes, objetos inquietantes e indefinidos que se encontram logo abaixo da linha de água, e onde facilmente qualquer um dos nadadores pode prender uma perna e ficar ali, a esbracejar com maior ou menor capacidade de sobrevivência.

Nick continua numa espiral cada vez mais descendente, e os podres começam a vir à tona, como balões de oxigénio a ser libertados para a superfície a intervalos mais ou menos regulares. Ao contrário do que seria de supor, a aparentemente obvia trajetória condenada de Nick vai-lhe dando uma leveza maior. É um olhar no espelho para um reflexo fiel a si mesmo, a cada saco de lastro que se liberta, ele vai ficando uma pessoa mais inteira, e vai sendo forçado a lidar com situações das quais fugiu a vida toda, o que o obriga a crescer.

Já Amy, que começa a segunda parte num aparente crescendo, vai desmontando o seu ’boneco’ e deixando o flanco cada vez mais exposto. Sem surpresas, sem montagens, what you see is (almost) what you get - e isto é completamente díspar do que é empratado é colocado a nossa frente, talheres nos seus lugares, bon apétit.

Enquanto que Nick fica ‘maior’, em meio ao aceitar lidar com tanto daquilo de que fugiu toda a vida, Amy vai encolhendo enquanto os subterfúgios vão pingando um a um e fazendo uma poça de cera seca no chão, não deixando quase músculo no osso.

Na terceira parte existe uma (des)construção total. Quem fez o quê? Os pontos fracos de Nick poderão ser gratuitamente atribuídos à sua relação com o seu pai, sem mais preâmbulos nem embrulhos decorados, quando agora, nus em frente ao espelho, vemos que nada é simples, preto ou branco, muito menos tão só e apenas o que nos parece à primeira vista? A personalidade de Amy pode ser ou não atribuída à sua relação com os pais-perfeitos, flawless e com objetivos inalcançáveis para qualquer um que não uma personagem literária em que tudo passa a a ser exatamente como escrevemos que deve ser.

Em parte incerta é um livro sobre pessoas. E um livro que nos leva a criar teses e antíteses, que nos deixa espreitar, por detrás do pano, por baixo da saia de cada um dos personagens, e a observar a teia intrincada de emoções que compõe cada um dos protagonistas. Gillian Flynn vai mais longe, e dá-nos ferramentas para, se o desejarmos, desconstruir as personagens, e observar cada peça que as constitui, como os putos curiosos fazem com os brinquedos mecanizados. Coisa que não fazemos porque ler este livro não é um trabalho de psicanálise.

Resumindo e baralhando: Gone Girl não é um policial, e o selo ‘thriller’ pode induzir muita gente em erro. O livro não é também um romance. Em parte incerta é uma obra de ficção que pode ser lida de duas formas:

Primeira: A mulher desaparece, o marido procura-a com a ajuda da polícia, depois vem os despicable media, e montada a barraca, segue-se o circo ah afinal foi ele/ah, eu sabia que não podia ter sido ele, ao sabor da informação que vai sendo veiculada. E depois… depois não estou aqui para estragar surpresas, mas acompanha-se a estória até à última página e pronto. Ponto.

E o livro visto desse ângulo, de acompanhamento da estória tão-só-e-apenas é, na minha opinião, mediano. Mas mediano tipo 3 em 1-5, nem sequer com um sinal de mais.

Segunda: põem-te o prato à frente, bonitinho pegas nos talheres e desarrumas. Porque nada é  que parece. O puré nem é de batata - nem sequer é puré. O bife tão pouco é carne. A salada lá por ser verde, não é salada. E acompanhas o desenrolar da trama a escangalhar pratos, a aplicar diluente sobre superfícies recém-pintadas, a decapar madeiras perfeitamente envernizadas. A única certeza que fica é de que mergulhaste mais fundo, e às vezes até poderias te tocado com os dedos na areia do fundo do rio, se tivesses querido.

Vista desse angulo, a obra é brilhante.

E isso é tudo. Pelo menos para mim é tudo o que basta para considerar Gone Girl um dos melhores livros que li. E um dos poucos que tenciono reler.

Qui | 28.02.13

E porque hoje é quinta...

Fátima Bento

... e daqui a dois dias se cumprem as duas semanas de verniz de gel, mostro las manitas.

E para que não digam que eu só mostro a esquerda porque sou dextra, e a direita já deve estar um susto há para cima de um ror de tempo, hei-la:

 

 

Como concordarão, já se trocava o verniz, à conta do comprimento das mesmas e da base da unha estar com um espaço valente.
De qualquer maneira, ficaram fantásticas durante praticamente duas semanas!
Mas
há que ter em conta que passei grande parte do meu tempo de cama com gripe - esta gaita ainda anda aqui a moer-me o corpo e o juízo! - e não lavei loiça uma única vez, foi o marido que o fez.
Por isso, estão uindas, mas foram umas 'flores de estufa'.
Agora vão levar uma semana 'de pousio', e volto, desta vez com um vermelho-pecado.
Que eu sei que não vai chegar às duas semanas.
E deixem que vos diga, a minha querida Marisa fez um trabalho de manicura fantástico. Eu que
a) tenho as cutículas mais sensíveis deste hemisfério, que sangram ao mais mínimo toque, e fazem crosta;
b) que depois de cortadas começam ' a abrir' em peles que só dá vontade de morder e arrancar;
não acusei nem uma coisa nem outra.
Tão perto da perfeição quanto possível.

(o preço? Manicure + verniz de gel, €12)
Qui | 28.02.13

Pipocagate: pois que eu meti a patinha na poça...

Fátima Bento

Ontem armei-me em espertalhona das dúzias e vai de dar dicas sobre vestidos a quem não as pediu. E perfeitamente 'fora de rota': a experiência de Sofia foi fora da sala onde decorria a cerimónia, e pedia um 'dress code: casual' no convite, pelo que um vestido de noite estaria fora de questão - e seria ridiculo.

 

As minhas desculpas e o meu mea culpa.

Às vezs sou parva... são coisas...

Qua | 27.02.13

Pipocagate - do mundo pequenino em que vivemos e da blogosfera, planeta de pessoas tão, mas tão poucochinhas, e dos peeping toms, sempre prontos a atirar a primeira pedra (e seguintes).

Fátima Bento

Nunca pensei que um tema que envolvesse a Ana Garcia Martins e o seu blogue me desordenassem o schedule deste blogue.

Pois é.

Mas a verdade é que eu acho que toda a gente que tem um blogue devia pensar mais de que duas vezes. Porque esta estória bizarra toca-nos a todos.

Pois que a autora do "Pipoca Mais Doce" passou parte da noite dos Óscares a analisar, viperinamente em alguns casos (como é costume), as fatiotas de quem pisava a carpete vermelha.

E eis que pega num visual completamente desapropriado para a ocasião, e arma-se em pitbull, e só larga quando já está tudo em cacos.

Há alguém que entra em missão socorro e lhe diz que a mocinha além de portuguesa, esta ali pela Fundação Make A Wish, e que tem um cancro. 

Ooops, vendo que pôs o pé na boca ao mesmo tempo que pisou na bola, a blogger apaga imediatamente o post. Não suficientemente depressa: a coisa vira viral na net. Na terça-feira, a A.G.M. publicou uma explicação e um pedido de desculpas à menina em questão.

E seria um ponto final, como é costume.

MAS...

Mas o problema é este:

E que do meio desta plémica salta esta senhora e diz que processa a AGM.
Per'aí...
PORQUE LHE CHAMOU BIMBALHONA????
Não.
Porque toda a publicidade grátis é bem vinda. Ainda que para isso tenha de trepar para os ombros de uma menina que até sofre de uma doença grave para - zás! - encher as revistas cor-de-rosa, os facebooks, e os blogues de meio mundo, e enquanto falarem dela oh!, está in.
E não teve de mexer um músculo.
Ou seja se amanhã eu me lembrar de chamar bimbalhona a alguém aqui no blogue, pode vir a tia da amiga da sobrinha da avó do primo, e pôr-me um processo por difamação?
Ó por amor da santa!
Atenção:
Esta opinião prende-se tão só e apenas porque a atriz demonstra um oportunismo sem precedentes que considero MAIS GRAVE de que  a opinião desbocada e pedante da dona-da-verdade-fashion proprietária do blogue 'A Pipoca Mais Doce'. Se estivéssemos a falar da Sofia Alves a quem a blogger se dirigiu, não desculparia, de todo, uma virgula do que a senhora escreveu. Porque não se escreve sem suporte, sem se saber sobre quem.
Uma figura publica está sujeta ao julgamento alheio - que é o que se passa com a atriz, e se passa agora, com a blogger.
Alguém que não se põe em bicos de pés e, "ó eu aqui!", não deve, não pode ser atropelada por este circo de feras.
E já agora,
uma palavrinha para a Make a Wish:
Custava muito mais?
Custava muito mais terem comprado (alugado?) um vestido para a Sofia para ela se sentir especial, e enquadrada (mesmo se as fotos não foram tiradas no momento em que diz-que-foram, mesmo que ela tenha ficado na última fila, mesmo, mesmo, mesmo...?)
Eu, que não ando nestas coisas dos trapos, até deixo umas sugestões:
#1 - branco, €79,90
#2 - preto de renda, €109,90
#3 - rosa €69,60
(tudo mango)
E era só acrescentar uns acessórios et voilá! É nas pequenas coisas que está o segredo.
O ano começou há tão pouco tempo e andamos para aqui perdidos em trapalhadas...
Válha-m'o santo.
Ter | 26.02.13

ISTO NÃO É NADA DO QUE PARECE

Fátima Bento

E ontem, passavam poucos - menos de cinco! - minutos das cinco da matina, quando carreguei no canto inferior esquerdo do reader, e... "ackowledgments".

Pronto.

Tinha chegado ao fim de 

e de uma maratona de um nadinha mais de cinco-horas-cinco sem largar o leitor.
Porque já o tinha começado a ler há uns dias, porque se meteu a gripe, as mialgias, a incapacidade de sequer pegar e manter o Kobo em posição, porque depois quando já conseguia, era a bendita da febre, que não me deixava ultrapassar o terceiro capitulo de enfiada, e depois fui albarroada pela noite dos Óscares.
E ontem fui ao sabor da ondulação e deixei-me ir a boiar agarrada às palavras, até onde fosse dar.
Depois, apaguei a luz, fiz 'colinho de miminho' para a Mia, e fiquei até às 6:00h a pensar no que tinha lido, a avançar, recuar, analisar, recordar. E cheguei a uma mão cheia de conclusões. 
Das pouquíssimas críticas que li sobre o livro, TODAS positivas, de semi-reverência, e de uma unanimidade assustadora (a mim os uníssonos assustam-me, é isso e detestar simetrias, está-me na massa do sangue... dá-me voltas...), dá-me ideia que
ninguém reparou no elefante no meio da sala.
Não estou a dizer que sou particularmente iluminada, mas a impressão com que fiquei, ainda não a li em lado nenhum. Por isso estou em pulgas para arrumar os pensamentos em filas, como os soldados de terracota encontrados no túmulo do primeiro Imperador da China e botá-los aqui no papel. Depois, só então, vou pesquisar criticas, e concerteza, encontrar mais um ror de gente que 'leu o mesmo que eu'.
E isso é trabalho para fazer hoje, embora a sua publicação fique para amanhã.
Sorry, mas este é um 'trabalho' que ninguém me faz apressar.
Seg | 25.02.13

Os contra-censos desta plataforma - e de outras...

Fátima Bento

Eu realmente não compreendo.

Ontem foi a noite dos óscares, certo?

Ajudem aqui a menina a perceber - os óscares têm alguma coisa a ver com cinema, CERTO? - depois de ontem, da 'vindication' de Ben Affleck com o premio de melhor filme para 'Argo', fiquei a acreditar que TEM, de facto, um bocadinho mais a ver com cinema de que eu pensava.

Sei lá, ele há a New York Fashion Week, e as demais semanas nas capitais da moda europeias, não há?

HÁ NÃO HÁ?

- pronto, a menos que já não hajam, quando eu andava enterrada em trapos até aos olhos, e em livros de trapos, e em desenhos de trapos, e em desfiles de trapos, haviam, mas com esta coisa da(s) recessão(ões), as coisas mudam todos os dias, por isso, se calhar acabaram com elas...

E ISSO, SIM, EXPLICARIA PORQUE HOJE,NA BLOGOESFERA,

SÓ SE FALE DE TRAPARIA

e de quem vestiu o quê ontem, e hajam tops 5, 10, 20, 100... dos melhores e piores vestidos da noite (sim, qu'os gajos iam todos de igual, give or take), e que isso seja TÃO apoiado e encorajado por diversos quadrantes.

NÃO PERCEBO.

 

 

NÃO entendo que aqui a plataforma do Sapo, que incentivou o tag óscares, se esteja a concentrar em traparia.

Se era para isso, se calhar era melhor um tag 'vestidos dos óscares', ou quelque chose pareille...

{e neste momento estão palettes de amigos meus a dizer: "ó maria - que não é o meu primeiro nome - tu ainda tentas entender o sapo? mas afinal não tinhas desistido?"}

E sim, desisti de me tentar encaixar nessa falta de parâmetros, mas, canudo, quando as coisas se metem pelos olhos da gente dentro, a gente fala. Não assinei nenhum contrato de disclosure com ninguém.

E que isto é ridiculo, é.

Seg | 25.02.13

Parentesis - Óscares: apostas MELHOR FILME

Fátima Bento

Ora vamos a contas - e apostas

Nomeados para melhor filme:


Argo (2012) - a minha impressão está aqui

Django Libertado (2012) - a minha impressão está aqui

Os Miseráveis (2012) - a minha impressão está aqui

A Vida de Pi (2012) - a minha impressão está aqui

Lincoln (2012) a minha impressão está aqui 

Guia para um Final Feliz (2012) - a minha impressão está aqui


00:30 A Hora Negra (2012) - a minha impressão está aqui

Amor (2012)

Bestas do Sul Selvagem (2012)



Ficam por ver:

- Amor (e não o vou ver antes de domingo, não estou, de todo in the mood - e se eu nao espeitar os meus mood's, quem respeitará?)

- Bestas do Sul Selvagem (por falta de tempo, e, admito, motivação, vou saltar este).

Apostas

ARGO, para fazer justiça.

Quem merecia, tanto quanto, não fora a estória dos realizadores (não) nomeados, seria, na minho optica, e tão só e apenas porque sim,

Les Miserables

embora não me admiraria muito se fosse parar à mão de Lincoln. Espero bem que não.

 

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