Assim tipo lá para sexta-feira, que é para vocês pensarem que estão a ver as cenas cortadas da 'Walking Dead'...
Não, mas fora de brincadeiras, desde que decidi levar a coisa mais p'ó levezinho - contando que o pai ajude... ultimamente apesar da tristeza inerente à condição, tem sido um regabofe - ... coitado... é feio rir das pessoas... Fátima Bento, tu vê se atinas!
(mas lá dentro dizem que só comigo é que o homem está "sossegado" - olhem BEM as aspas!)
Momento alto do dia de ontem: dá o anúncio da vodafone na tv. Eu desato a cantar (baixinho... mas eu já disse aos enfermeiros que isto pega-se...) e...
ele começa a bater palmas a compasso
Olhem, querem um conselho: mesmo, mesmo, mesmo com a merd@ pela cintura, arranjem maneira de rir com o formato dos c@g@lhões. Assim, a gente chega lá.
E eis senão quando me vejo no fim-de-semana seguinte. O que quer dizer que - uau - passou praticamente uma semana desde as últimas notícias que vos dei.
Novidades:
O pai foi operado na quarta-feira, depois de suas semanas de uma espera sem grande razão de ser. A quê? Bom, o senhor apanhou MRSA (viam o Dr.House? ele falava nisso episódio sim - episódio também, ou quase), no caso do pai porque a coisa 'apanha' "pessoas internadas em hospitais ou lares e atinge principalmente idosos e indivíduos com diversas patologias, que apresentam feridas abertas (escaras) ou foram sujeitos a técnicas invasivas , como algaliação (check) introdução de cateteres venosos ou arteriais(check)."* Ora esta cirurgia foi feita para remover o tecido da costura que tinha sido mal feita, e em cujo sangue, depois de analisado, se detetou a infeção. Assim nos foi explicado.
Quando a cirurgia e o período de recobro no bloco acabou, chamaram-me para acompanhar o pai ao quarto. Entretanto sou convidada a entrar, entregam-me um par de luvas - que a mim, que não percebo nada disto, me faz perguntar a 'moi-même', mas esta coisa não foi para acabar com isto???? - e uma cirurgiã faz-me a seguinte pergunta: "o seu pai tem MRSA, mas já trazia quando foi internado, apanhou aqui ou quando foi?"
Já nada me espanta.
Juro, no que diz respeito a hospitais, nada me espanta.
Não estava registado na ficha o quando a coisa foi descoberta.
Eu puxei pela cabeça, para consegui situar aproximadamente quando tal foi detetado, e a doutora e a enfermeira lá conseguiram encontrar o dia em que o começaram a medicar para o MRSA.
Resultado:
- Ainda estou para saber a que é que ele foi operado (mas presumo que, como disseram, uma vez que a cicatriz estava mal feita terá sido uma questão mais ou menos estética - o que a ser verdade, assim a seco, é um imenso disparate o senhor tem 81 anos e aquela coisa não se vê DE TODO. Mas isto sou eu a divagar)
- Este é o mais giro : como não estava registado que o pai tinha o 'bicharoco', a sala de operações teve de ser fechada para ser desinfetada do chão ao teto. O que fez um sem número de cirurgias atrasar não me perguntem quanto tempo, mas pelo menos 24 horas.
A cirurgia correu bem.
Quinta, sexta, sábado ao final da tarde, o pai estava sempre a alucinar e assim:
E neste momento não tenho mais nada a dizer. Vou para a cama, amanhã vou levar-lhe o almoço, e ver como ele está.
As segundas-feiras são, para mim, o dia mais bazaruco da semana. Desde sempre, mas agora então, às segundas estou com-ple-ta-men-te apanhadinha. Só quero que me deixem em casa a trabalhar com as costas: roçá-las nas paredes, encostá-las no sofá, esparramá-las no colchão... estão a ver a coisa.
Os fins de semana nunca foram uma coisa muito entusiasmente, mas agora, ainda pior: sábado, dilema: passo umas horas - como de costume - com o pai no HGO, ou passo mais tempo com o marido em casa? Na segunda hipótese, vou ao hospital, levo o jantar de casa para não ter de esperar pelo do hospital, deixo-o comer, dou-lhe os medicamentos que as enfermeiras entretanto me vêm entragar para ele tomar logo a seguir, dou-lhe-um-beijinho-e-até-amanhã e zuut.
Domingo.
Levo o almoço, quanto mais não seja porque ganho uns minutos. saímos daqui ao meio dia e um quarto, meio dia e vinte, repete-se a rapidez do jantar da véspera, porque à uma hora é o almoço semanal de família (e não conseguimos chegar a horas...). E depois, digo ao pai, olha, logo à noite não posso vir dar-te o jantar que é para estar com o Vitor e o Tomás, vais ter de pedir às senhoras para te ajudarem. Dou-lhe-um-beijinho-e-até-amanhã e zuut.
Depois disto tudo,
Segunda
(paz, please, paz)
Ao entrar na unidade, cruzo-me com uma enfermeira que me diz: o seu pai hoje está muito 'zangado'.
Mal chego ao pé dele apercebo-me do teor da zanga: tinha 'levantado voo', e estava, mais uma vez a alucinar.
(isto vai soar mal mas penso: boa, MESMO o que me faltava...)
A partir daqui segue-se o jogo apanha-me se puderes: ele fala, eu tento entender e situar, o que diz, tento chegar ao "local" de onde ele 'está', e trato de o puxar para a minha realidade. De inicio é extenuante, mas depois ele vai ficando cada vez mais no AQUI, e eu lá descanso entre as paavras que leio, e as que uso para lhe responder.
Vem o jantar, janta relaxado, dou-lhe a medicação, e venho-me embora com calma.
A minha Carina, a gerba castanha escura, morreu aqui há coisa de (penso) 2 meses.
A Chiara ficou sozinha e contra todas as previsões de que vai morrer porque nunca esteve sozinha, não só aguentou bravamente, como se tornou a gerba mais mimada deste hemisfério. Uma doçura só.
Tinha um pequeno 'abcesso' por baixo da orelhita, que crescia, secava e caía, há uns dois anos. Uma vez dei com a gaiola cheia de sangue estava eu de saída com hora marcada e pensei: chego a casa e a Chiara já era... qual quê. Cheguei a casa estava limpíssima, foi só trocar o interior da gaiola.
Há dois dias, o 'abcesso', que pelos vistos deveria ser um pequeno tumor, rebentou. Desta vez não apenas para fora, mas também para dentro, deixando a cabecinha com um buraco.
Fui fazendo festinhas, e falando com ela, e tive o prazer de a ver reagir cada vez que dizia o meu nome e de levantar a cabeça e cheirar os meus dedos.
Na manhã seguinte estava morta.
É, eu sei, a ordem natural das coisas. Mas minha Chiara era um miminho tão doce...
PROGNÓSTICO que me deram ontem: uma semana deitado de lado, em isolamento físico (quando lá vamos, temos de vestir uma bata e calçar umas luvas de latex enquanto estamos com ele), ligado a uma máquina que lhe está a purificar o sangue
...e depois, à partida, alta.
Soa credível????
Ou é só a mim que me parece que estão a falar de outra pessoa qualquer?
O que lhes está a passar ao lado embora eu já tenha falado com uma serie de enfermeiros sobre o assunto e com a médica ontem de manhã: o meu pai está a alucinar há umas boas duas semanas. Começou por ser uma coisa pequena, um entrar no sono, começo de sonho, acordar de repente e não distinguir a realidade do que não o era. Depois começou a ser mais usual,embora ainda bichanado, e acredito, dentro dos mesmos parâmetros. Hoje, o delírio é DELÍRIO PURO (não me venham com eufemismos), e pode dever-se à infeção.
Tendo em conta que a senhora doutora ontem me disse que as alucinações são habituais em internamentos mais prolongados, eu liguei a um amigo meu médico que tem mais anos de experiência clínica que ela tem de idade.
Pois que não é aceitável qualquer tipo de alucinação seja em qualquer tipo de situação, e há medicação para tratar disso. E quando referi que amanhã era sábado e o fim-de-semana são dois dias perdidos, "Fátima HÁ SEMPRE um médico de plantão que tem de atuar".
Ok.
O pessoal lá dentro, enfermeiras e auxiliares têm sido todos queridos e fofinhos - a ver se amanhã não tenho de pedir o livro de reclamações, que era a última coisa que eu queria...
(deixo o update ao estado do pai para amanhã, ok?)
Um passarinho verde tinha-me dito que saía o 8º. O 9º, só em Julho (os americanos agora andam com a mania das interrupções, quem segue, por exemplo, o Scandal, sabe disso).
E eis que, sai o 9º. E de repente NÃO SE FALA DE OUTRA COISA.
AH!
OH!
No You Tube saem coisas como esta:
Ui, disse eu com um arrepio, quando acabou o genérico do episódio, e depois de termos apostado, eu e o marido, quem ia criar a confusão: eu dizia o da bruxa, e o marido, a dos dragões - e é pá isto NÃO É um spoiler, a serio, quanto mais não seja, porque perdemos os dois - ups, isto já é capaz de ser... mas só um bocadinho...
E depois, pronto. O 9º está visto.
E DAÍ?
Ó meus amores, eu soube, de FQTEAC (Fonte Que Tenho Em Alta Consideração) que foram ditas e ouvidas frases como
"depois disto não vejo mais nenhum";
"depois disto acho que não fazem mais nenhum"(ganhou o primeiro prémio!)
"carnificina a mais"
"sangue a rodos, e porquê?"
...e afins.
Ora bem, meus senhores e senhoras que pensaram e proferiram frases e pensamentos como os acima:
tenho a classificar-vos dentro da categoria de
'pachachas flácidas'
para ser uma senhora e manter alguma dignidade na verborreia que utilizo neste texto.
- É SUPOSTO não ser previsível. É assim que se ganham audiências, e mais importante, fãs.
- Quem leu e lê George R. R. Martin, sabe que ele baralha e torna a dar, e ainda por cima, de lhe der na bolha, dá ao contrário ou de pernas para o ar.
- mais: se quiser, pode ler a explicação do autor aqui. E se fizer uma pesquisa rápida no google, em mais um monte de sites.
- Quem não lê a saga, ficou a saber que se tivesse lido, não lhe tinha quase-dado-uma-coisinha-má quando viu o episódio (para que conste, nunca li nada do autor).
Quem se queixa da carnificina, se viu o Spartacus, meta a violinha no saco, SIM?
Agora sim:
Alerta de spoiler
a frase seguinte é uma pequena revelação:
- no dia em que matarem o Tyrion Lannister, nunca mais vejo um episódio. Adoro o personagem!