IM-PRES-SIO-NAN-TE!!!
Eu sei que já é certo e mais que sabido por toda a gente.
Eu até devia saber (um bocadinho) melhor, já que tenho 2 filhos, um deles, como toda a gente já sabe, na "idade do armário"*, que têm amigas/os, e volta e meia sou submetida à tortura das reuniões de Encarregados de Educação da escola da mais velha ( que são de facto custosas, por serem tão só e apenas copy-paste umas das outras, das quais invariávelmente saio sem conseguir perceber, de todo, o que lá estive a fazer...).
Mas mesmo assim, e apesar de estar informada sobre a matéria de que este pessoal é feito, anda consigo ficar mesmo de boca aberta!...
Isto tudo a propósito de ontem, 24 de Abril, ter ido assistir às comemorações do 25 de Abril no largo 1ºde Maio, no Seixal.
1ª parte, mais ou menos 22:30 h., Paulo de Carvalho (sim, era para esse que eu lá estava); previsto para as 00:20 h., Da Weasel. Dá para calcular a amálgama de culturas e gerações que se cruzavam no espaço, sim?
Bom, o primeiro senhor lá começou com uma horita de atrazo, precedido pela apresentação de um Cândido Mota que fez o favor de explicar o papel do "E depois do adeus", enquanto A senha de há 31 anos atrás ( e como eu fiquei aliviada por ouvir a versãoda história como a conheço, e não como tendo sido o "Grandola" o código secreto), e a importância de ser o Paulo de Carvalho a estar ali, naquele momento em que se comemorava o que acontecera em 1974.
Ok, neste momento reuni informação suficiente para mais tarde confirmar uma suspeição: os nossos adorados teens além de avoados são surdos.
Entra a banda (fantásticos, devo dizer), que abre com um medleyzito das musicas mais conhecidas (a maioria não interpretada posteriormente), enquanto o cantor, na lateral do palco, de corta vento bege, emborcava garrafinhas de 33 cl de Luso. Acaba a introdução, sai o corta-vento, entra o cantor em palco e canta uma musica que é a minha nº2 do homem (ó mulher de sorte!) e da qual acho que só eu sabia a letra: "Flor sem tempo", de 1971. Não, não me senti particularmente a caminho de senilidade naftaliníca, porque na altura tinha 4 anos. Mas sempre foi uma das minhas favoritas. Prontos.
OK, e chega de relato, que isto não é nenhum jogo de futebol (e por falar nisso, é desta, não é pessoal?)
O espectáculo foi bom, os anos ficam-lhe tão bem, e a voz continua a 100% ( senão melhor).
Agora vamos ao que gerou as minhas considerações iniciais;
Eu não quria estar nos sapatos do artista. À esquerda das minhas costas, dois putos faziam comentários e conjecturas sobre o gajo e (convencidissimos estavam ) do namorado. Burros. Até aí tudo normal e previsível na 'teenagem'. À direita das minhas costas alguém o brindava com uns "vai para casa" e mimoseios congéneres. Continuamos, pois, no "normal", se levarmos em conta que estas idades são impacientes e esta geração nunca sabe onde meteu a boa educação - que deve estar algures na pilha onde se juntam as t-shirts Nike acabadinhas de passar a ferro e as meias sujas.
Mas até aqui, e correndo o risco de me repetir (nãããõ! ainda não tinha dito isto hoje!), tudo dentro dos parâmetros "normais" e previsiveis.
Meia noite menos 2 minutos, acabados os "Meninos de Uambo", o Paulo de Carvalho "anuncia" o nosso presidente ( bem, eu cá não sei, o meu é o Sampaio, e o gajo não tava lá...)e informa: " Pronto, vão ter de levar comigo outra vez." Yesss, penso eu, é agora, o 'momento pele de galinha'! O palco enche-se então dos dignatários representantes do poder local, atiram-se cravos, e...
« ... quis-sa-ber-quem-sou... »
(fónix, deixem-me lá saborear o momento! Quais quê...)
AQUI, choquei-me. Nem costas esquerdas (que já não eram os mesmos), nem costas direitas (idem), NINGUÉM SABIA por que cargas d'água é que aquele cota estava no centro do palco , rodeado de uma "maxeia" de gajos que não conheciam de lado nenhum a cantar uma canção que um gajo, um David qualquer coisa cantou numa Operação Triunfo...
E eu ia ficando velha e pequenina, cada vez mais velha e pequqnina, e nem conseguia sentir pele de galinha, só cantava a plenos pulmões e fechava os olhos para não ouvir a ignorância destes putos, a resposabilidade dos profes ao não cumprir a função pela qual recebem o ordenadito ao fim do mês, e a agradecer por pelo menos a minha teen, uns metros à frente, à esquerda, conseguir enquadrar o momento na "prateleira" certa.
No fim, e enquanto esperavamos o inicio fogo de artificio, peguei nos quase 30 kg de 8 anos de Tomás ao colo, e expliquei-lhe o porquê daquela musica ter sido cantada por aquele senhor, naquele momento.
Pelo menos este também há-de saber. Se não o ajudarem a esquecer...
Fátima