Só um dia como os outros...
Acordo. A Mia, enroscada em mim por cima do edredon, aceita umas festinhas, mas põe o motor de arranque a aquecer: antes de eu entrar na casa-de-banho, já estará no rebordo do lavatório para que eu lhe abra a torneira, para beber água.
Entretanto, a Piccolina aparece, e comeca a trepar por todo o lado. Saio do quarto, e a primeira coisa que vejo é uma bolinha de m**da, mesmo em frente à porta da rua: a Blimunda, com a idade (quase 17 anos), deu-lhe para isto: faz as suas necessidades onde calha, o que nos faz andar de papel higiénico numa mão e toalhitas desinfectantes na outra. Finjo que não vejo e vou para a casa de banho, onde dou de beber à Mia, enquanto a Piccolina tenta afastar a "tia" e ocupar o seu lugar. Pego na piolha, meto-a no chão, e a Mia lá se cansa de beber água. Fecho a torneira, e vou para a cozinha. Ligo a máquina de café, e enquanto aquece, dou de comer ás três. E vou limpar o cocó da grande.
Volto, tiro o café e tiro um yogurte líquido do frigorífico. Dirijo-me para a sala, café e colher numa mão, yogurte na outra, e mal me sento, reparo: qu'é do açucar? Volto à cozinha, pego num pacotinho, volto à sala. Quando entro, reparo: no chão, um saco plástico vazio - que a Piccolina fez favor de ir buscar à despensa durante a noite - com um litro de xixi em cima - a bexiga de um animal de 15 quilos pode ser MESMO grande. Atiro o pacotinho de açucar para cima do sofá e saio a correr para ir buscar material para proceder à limpeza: não sei há quanto tempo ali está, e se infiltra na camada superior do flutuante, pode fazer "bolhas de ar". Junto tudo, e quando atravesso o corredor, a Piccolina passa por mim desenfreada, com o pacote de açucar na boca, roído, enquanto deixa um rasto de açucar desde o sofá até meio do corredor.
Á beira de gritar, entro na sala e limpo o xi-xi. Volto à cozinha para ir buscar a pá e a vassoura pequenina para apanhar o açucar. Ao atravessar de novo o corredor, vejo que a Blimunda aproveitou a agitação para descarregar mais umas bolinhas... apanho o açucar, apanho as bolinhas, vou buscar mais um pacote de açucar, volto à sala, e sento-me. Deito o açucar no café, mexo, abro o sapo para começar a verificar os mails, e suspiro.
Mais um dia como os outros acabou de começar...
Fátima