Em paz
Hoje levantei-me escandalosamente tarde, coisa que já não acontecia há umas valentes semanas... mas ontem senti necessidade disso, tinha de fazer reboot à minha cabeça, depois de tanta porcaria a acontecer ao mesmo tempo...
Levantei-me e cruzei-me com a Blimunda, inerte no chão do corredor. baixei-me, ai que o cbichinho morreu durante a noite, mas não, estava viva - mas mais uma hora ali e não estaria viva. Trouxe-a comigo para a sala, pu-la ao meu lado no sofá, e estive com ela até exalar o último suspiro... entretanto a Inês chegou, e ela partiu junto das pessoas de quem mais gostava. Agarrou-se à vida com unhas e dentes, e o seu último suspiro foi multiplicado por 15... a barriga já não mexia com os movimentos, mas com intervalos de segundos, ela expirava e inspirava um pouco. Até que esticou as pernitas, suavemente os bracinhoa, como se estivesse a esperguiçar-se... e apagou-se. A Inês chorou e deitou a cabeça no meu colo. Eu não consegui (nunca consigo) chorar - e estou com uma enxaqueca medonha, agora - e acabei por ir buscar uma caixa grande, de botas, para a deitar antes de entrar em rigor mortis. Parecia tamanho feito por encomenda. Não a consegui fechar enquanto ela não arrefeceu completamente... continuei a fazer-lhe festinhas...
Agora o esquife improvisado jaz aqui ao meu lado, e no final do dia vamos sepultá-la.
Depois volto. agora não me apetece falar mais...