Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Qua | 20.10.10

De regresso à escola, as tretas do costume...

Fátima Bento

Ontem fui acordada pelo carteiro, com uma carta registada e com aviso de recepção.

 

 

Ora, eu não sei quanto a vocês, mas uma carta registada com aviso de receção não é coisa agradável de se receber... de todo. Dei uma olhada de fugida ao remetente, ainda na mão do carteiro, mesmo antes de assinar: Ministério da Educação. Pensei que era capaz de ser um qualquer comprovativo da bolsa que a Inês recebeu no 12º ano, para pôr no IRS - mas mesmo assim, estranhei tamanho aparato. Mas assinei e pronto. Abri o envelope e... era da escola do meu filhote, o registo de faltas: 18 faltas.

 

E pergunto eu: isto é razão para enviar uma carta nestes moldes?

 

Mais: eu tenho certeza das datas que vou dizer, uma vez que fiz anos a dois, e os dias anteriores estão frescos: no dia 29 o Tomás ficou em casa de cama, com crise de sinusite, quase nem conseguia abrir os olhos com as dores de cabeça. No dia seguinte, quinta-feira regressou ás aulas, mas na sexta-feira esteve de novo indisposto, e voltou a ficar em casa. A directora de turma ligou-me, no dia 7, inquirindo se eu sabia o número de faltas que o meu filho tinha. Expliquei a situação, e referi que, de facto, ainda não tinha justificado as faltas dadas. Ela insistiu que ele tinha chegado atrasado várias vezes, e pediu-me para justificar as faltas dadas, através da caderneta do aluno, o que fiz; o meu filho faltou nos dias 29 de Setembro e um de Outubro, por motivo de doença.

 

E hoje recebo uma carta que me diz o seguinte:

 

 

 "Serve a presente para a alertar para a quantidade de faltas do seu educando. Todas elas são injustificadas. Quanto à justificação apresentada pelo Tomás referentes aos dias 29 de Setembro e 1 de Outubro - motivo doença, informo que no dia 29, teve apenas falta de atraso a Matemática ao primeiro tempo e no dia 1 faltou apenas a Língua Portuguesa das 8:15 às 9h45.", e assina.

 

Segue-se uma lista com as faltas que o Tomás, alegadamente, deu. Todas injustificadas, inclusivé as que eu justifiquei. Presumo eu (o mais provável, erradamente, dado que nada bate com nada), que isso se deve ao facto de que nos dias assinalados nos dados apresentados, o meu filho não terá faltado a todas as aulas, logo não terá estado doente, e por isso, a sra professora não terá, eventualmente, aceitado a justificação.

 

Ou seja, chama-me mentirosa.

 

Agora, é assim.

 

Eu estava em casa nos dias em que o meu filho ficou doente. Ele não saíu de casa nesses dias, de modo que não poderia ter deixado de faltar ás outras aulas. E, eu sei que os dias em causa foram os que justifiquei.

 

Vai daí, fui analisar o registo de faltas. Precisamente uma semana depois, na quarta 6 e sexta 8, estão registadas faltas a todas as aulas desses dias. Ou seja, TROCARAM OS DIAS EM QUE O MEU FILHO FALTOU. E vai daí, o caminho mais curto entre dois pontos é chamar mentirosa à mãe e ralhar com o filho. Depois de já me ter informado por telefone no dia 7 (daí que se o puto tivesse estado doente no dia 8, como é comprovado no papel, eu ter-lhe-ía dito que tinha de justificar dois dias de faltas por ele ter estado doente, por antecipação, uma vez que ele faltou, alegadamente no dia seguinte!!!!).

 

Ou seja, etou realmente f@**d@ porque:

  1. A srª professora começa por me chamar mentirosa;
  2. A srª professora continua intuíndo que aqui a boa da mãe e E.E do aluno não o é o suficiente para, depois de contactada pela própria, ter repreendido o meu filho (se fosse caso disso), pelo que decide fazê-lo a própria;
  3. A srª professora, mais uma vez, partindo do mesmo pressuposto, de que eu serei estúpida, surda, sofrerei de Alzheimer, ou pura e simplesmente me estarei nas tintas para o meu filho e para o seu desempenho escolar, resolve repetir o que me disse por telefone, desta vez por escrito. E aproveita para, de caminho, apontar nas entrelinhas que a justificação apresentada é falsa;
  4. A srª professora, para vincar a urgência do assunto, decide enviar a carta registada. Mais ainda, para re-vincar a importância fulcral do assunto, envia um aviso de receção acoplado à mesma.

Ora, se tivermos em atenção a actual recessão económica, e o buraco negro com que as nossas parcas finanças estarão em contato em breve, NÃO DEVE HAVER NENHUMA MANEIRA MAIS IMPORTANTE PARA EMPREGAR O MEU DINHEIRO DE QUE NO REGISTO E AVISO DE RECEÇÃO. O meu e o de quem me lê. Isto foi o que me aludiu à mente quando vi o assunto da carta. Antes de fazer as considerações que mencionei acima.

 

Ou seja, amanhã é dia de atendimento da D.T. aos E.E., e eu vou lá (ó se vou!), para que a srª professora me explique qual o erro cometido, qual a razão de me ter chamado mentirosa, ter repreendido o meu filho, e ter enviado o registo de, na verdade, 9 faltas do meu filho, de forma a que eu, por mais demissionária que fosse, tivesse de enfrentar a realidade, e não pudesse alegar não ter recebido a informação.

 

Também existe outra hipótese, que é a da srª professora achar que o Tomás falsificou a minha assinatura e justificação, e ter enviado a carta dentro de uma armadura, por forma a que o Tomás não tivesse hipótese de a fazer desaparecer [já passei por isso com a Inês, uma das DT's dela achou estranhas que todas as faltas que deu (estava com uma depressão, e eram, de facto, muitas) surgissem justificadas, e quis confirmar que era mesmo eu que as assinava. Na reunião de turma, chamou-me em privado, e perguntou. Eu expliquei, assunto arrumado].

 

E neste caso esse pressuposto não se aplica, já que esta ligou, eu atendi, ela falou, eu justifiquei por telefone, e é difícil o Tomás, que tem um vozeirão grave, imitar a minha voz. E nem sequer atende o meu telefone sem autorização, mas isso a srª professora não tem como saber.

 

Portanto, amanhã a srª professora vai conhecer esta mãe demissionária. Vai ficar a saber que, entre outras coisas, não gosto que atirem o meu dinheiro à rua. Quanto ao resto, vamos conversar... a conversar a gente vai entender-se. Vai. Ponto parágrafo.

4 comentários

Comentar post