De barriga cheia de beleza. E aqui tão perto...
Chamem-me lá burra: B-U-R-R-A! É que "mesmo aqui ao lado" fica um dos lugares mais bonitos do mundo, logo a seguir à minha baía – desculpem lá mas não há como deixar de ser bairrista. A serra da Arrábida sempre foi dos meus lugares favoritos, e já lá não ia – pasmem – há p’r’aí uns quinze anos, mais uns pozinhos, menos uns pozinhos. Isto para quem é apaixonada por água e paisagens naturais e/ou em bruto, não faz sentido nenhum. Acresce ainda o facto de, de cada vez que lá ia, vir com a cabeça completamente limpa. Comentava-o, na altura, com o meu recém-marido. Entretanto um ou dois fins-de-semana que voltámos, apanhámos daqueles trânsitos de fazer desesperar um monge budista, e... nunca mais. De semana o homem trabalhava, e eu não conduzia... mas a saudade era muita, e volta na volta lá vinha o assunto, e as saudades. Na passada segunda-feira, aquando da minha primeira visita à minha praia, refleti sobre o assunto, e tendo eu hoje de me deslocar a Setúbal para ir ao médico, decidi que era desta que ia “fazer a Arrábida”.
Não tendo mais referências de que as placas indicadoras na estrada, e o facto de que, no fundo da Praça Luisa Todi, virava à direita, não sabia mais nada, não tinha qualquer recordação do tipo de estrada, nada. Tinha noção de que era uma zona arriscada, e por isso nem me tinha aflorado à ideia ir lá antes, carta há menos de um ano, as aventuras querem-se grandes mas não imensas... e de facto a estrada que serpenteia a serra é estreita, e o panorama de tal forma deslumbrante, que galga-se a valeta com facilidade (e o asfalto é alto), não sendo, de todo o local ideal para ter um furo com tal desnível. Mas hoje, dia de sol (como se vê nas fotos), a serra estava vazia de carros, exceptuando dois ou três com que me cruzei, parados nas escapatórias, com os seus ocupantes do lado de fora, a tentar digerir tamanho deslumbramento. Porque é de deslumbramento que falamos; aqui a vossa amiga fez a subida pontuada de uau’s e de expressões similares, e no alto, parecia uma maluca aos gritos. A sério, a melhor frase que me saiu, lá no alto, a mirar a imensidão azul com Tróia no meio, foi: “Até dói!”
A sério, tamanha beleza não se descreve nem se quantifica: vive-se!
Levei, como prometido, a máquina fotográfica, mas antes de atingir o cume, onde ficamos sem respiração, mar de um lado, vale a perder de vista do outro, já tinha decidido: para quê a máquina, mesmo parando em todas as escapatórias, não havia maneira de fazer juz ao que o coração atingia. No entanto, quanto mais não seja para recordação da minha “aventura”, ilustrei a viagem com alguns instantâneos.
Infelizmente “falhei” a Figueirinha – presumo que deveria ter virado para o Portinho da Arrábida, e que posteriormente haveria uma placa que divergiria para ambas as praias. Na altura só raciocinei que o Portinho, que era a única estrada de que me lembrava, tinha uma inclinação acentuada, e não quis infernizar a vida ao Rocinante e forçar a embraiagem, por isso, segui em frente. Acabei, então aqui, em Brejos de Azeitão onde me encontro, e tendo seguido as indicações, logo à entrada, de “casa de chá”, dei de caras, numa zona nova, com "Terras de Sabores" , um local muito acolhedor, com tortas de comer e chorar por mais (juro, nunca comi tão boas!) num ambiente tranquilo que se divide entre o chá e café, objectos decorativos escolhidos a dedo, elementos de cozinha gourmet, vinhos e demais produtos - da região e não só.
Agora, que o meu chá está a chegar ao fim, e a minha montada já descansou de tamanha cavalgada, vou pegar no corcel e galopar para casa – com a alma cheia, cheiinha de azul. E tão, TÃO feliz.
Pormenores...
A foto não está centrada, o ângulo é um susto, o cabelo está de fugir, a única coisa que se aproveita é mesmo o fundo... mas ó pra mim, eufórica, no alto da serra!
E este local é onde acabei a subida, e começa a descida. O que valeu foi não haver carros na estrada.. liguei os quatro piscas e fui rápida no gatilho... ATENÇÃO: isto não se faz, de todo...
Há-de seguir-se, que fiquei com o bichinho e a vontade, Sintra. Com sorte, daqui a um mesito...