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Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Ter | 23.08.11

Dia De Ter Pena De Nós

Fátima Bento

 

Eu cá acho que todos devíamos ter assim, de vez em quando, um dia-de-ter-pena-de-nós (DDTPDN para os amigos). Baixavam-se os estores do quarto, punha-se a caixa de kleenex na mesa de cabeceira - e uma garrafa de agua ao lado da cama, para evitar a desidratação - uns cds tristes, e prontx. Vai de matutar na vida, do que se queria ser e não se é, no que se podia ter sido e não foi, no quanto a vida que se tem difere na vida que se pensava ir ter... e ainda podemos ser assim um bocadinho mais particulares, e indignarmo-nos até às lágrimas com a lembrança da boca que a vizinha do 4º frente fez, ou dos comentários depreciativos a mãe fez o favor de repetir à exaustão, até fazerem tão parte de nós que deixámos de diferenciar a realidade da ficção.

Vale tudo, tudinho. E depois de ter rebuscado bem os confins da memória, e ter chorado um bom bocado, puxar de um qualquer DVD daqueles que fazem chorar as pedras da calçada, e acabar a caixa dos tissues. Depois, virar para o lado e dormir umas boas duas horas ou mais, para 'curtir' a tosga emocional. E levar o resto do dia entre tristezas e fungadelas, que quando acabar acabou, e só vale ter pena de nós aí passados uns 3 meses (no mínimo! O ideal são 6!), por isso é de aproveitar bem o dia.

 

No dia seguinte, hop fora da cama com um sorriso, e com as memórias da véspera guardadas numa caixa, a primeira coisa a fazer é pô-la na arrecadação, com uma etiqueta com a data, para evitar a batota e decidir fazer um DDTPDN antes do limite traçado - não esquecer de juntar os cd ouvidos e dvd vistos.

E buga lá continuar com a vida que queiramos quer não fomos nós que decidimos ter, de uma maneira ou de outra. Porque, em última instância, a decisão final é sempre nossa (e contra mim falo, que há uma boa dose delas em que não me lembro de ter tido voto na matéria... mas aceito o pressuposto da responsabilidade de bom grado).

 

Mas já repararam bem o jeitaço que um DDTPDN dava? Era um dia de 'miséria' absoluta seguido de 90 a 180 de total e absoluta proibição de esboçar um 'ai coitadinha de mim' sequer entre pensamentos. Em termos de economia e poupança, resultava, não resultava? E era cá uma limpeza mental e emocional, que nem vos conto!

 

(isto tudo porque as férias foram uma real merd@, e eu tive de enfrentar uma série de porcarias que andava a conseguir fintar há uma serie de tempo, e com tal maestria que até quem vive comigo se tinha esquecido como realmente é. E eu até preferia acreditar na minha versão renovada a re-enfrentar a bolorenta... ou seja, estou a precisa de um DDTPDN, mas não me apetece, prontx).