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Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Qua | 30.03.05

Voltando ao "referendem-se uns aos outros"...

Fátima Bento

Eu e os comentários, e as respostas aos comentários... ontem à noite comecei uma resposta a um, e acabei por desistir, que quando mais dizia mais queria dizer, e quando é assim, mais vale logo fazer um artigo. Salvei o que já tinha escrito em Word e guardei para hoje. Versa a minha presunção de "culpa"(ou não) dos médicos que me (não) assistiram no hospital e a sensação de transparência que me acompanhou enquanto estive internada. Aparentemente, só faltou darem-se ao trabalho de ler a ficha... porque:

A partir do momento em que pensei na eventualidade de estar grávida, fiz a BetaHCG, e fui a correr ao médico. Assim que comecei a perder sangue fui a correr ao médico... e assim que a quantidade de sangue perdido aumentou, fui a correr ao hospital... onde voltei sempre que me chamaram. Supostamente, a minha ficha deveria ter isso tudo escrito, se se dessem a o trabalho de a ler. Além disso, eu falo, se me fizerem perguntas, eu respondo. Estive todo o tempo no hospital sem falar com ninguém, a não ser com uma ou outra enfermeira que entrava no quarto... para além, e àparte, de tudo isso, eu não compreendo que uma pessoa que é internada numa urgencia obstétrica por um aborto espontâneo ( ou não, mas até prova em contrário a Constituição prtuguesa dá presunção de inocência) DEVERIA FALAR COM UM PSICÓLOGO. Não me quero perder em pormenores nem em detalhes, mas o que passei naquelas 21 horas em que sabia que me iam retirar o segundo feto, em que tive de encarar que a Pilar e/ou o Martim já não iam nascer é, no seu grosso, inarrável, de tal modo, que imaginei que não era eu. Projectei-me e protegi-me dentro de uma "bolha" fora do tempo e do espaço. E essa bolha manteve-se durante tempo demais, porque depois de criada é dificil desfazer o efeito de protecção... e ao proteger do que dói, também protege do que não dói. Andei semanas, meses, a pairar num limbo aparvalhado, em que andava anestesiada, e que depois foi reforçado pelos anti-depressivos e ansiolíticos que me prenderam ao dia a dia de que não me pude demitir. Acho que só saí desse limbo e desse "estar-sem-estar" agora à um mês, quando tive o meu últimao colapso ( podem ler os textos do meu lado lunar pela minha eterónima em

 www.meumbigo.blogs.sapo.pt ). È incrivel, e até a mim me custa a crer, que já lá vão quase 2 anos. E depois houve uma imensa bola de neve que partiu daí, e deque foi dificil de controlar o crescimento.

Mas enfim, já lá vai.

Agora, para terminar, e para quem acha que deve ou tem que fazer juízos de valor, o minimo é a fazer é pesquisar todos os elementos ao seu alcance. O que eu de facto sei è que naquelas 21 horas, apanhei pelo menos dois turnos, e NINGUÈM se deu ao trabalho de ler a minha ficha completa. NINGUÉM me perguntou como é que eu ME sentia. E se não fosse o chefe, "ainda" lá estava...

Não tenho razão?

Angel

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