(memo a mim) Escritora, escreve, porra!
Quinta à noite, eu deitada, meio-a-dormir, à cause dos nervos, das lágrimas e do diazepam, o marido entra no quarto, de declaração amigável em punho: 'desculpa lá, o que é que eu ponho em profissão?'
INTEREGNO:
Se formos pelos cursos que tenho, podia escolher pelos dedos das mãos. Mas como não exerço nenhum, fez bem em vir perguntar.
FIM DE INTERREGNO.
Eu, que deixara a auto-estima no meio dos cacos da ótica e do farolim, e mais o raio, respondo:
- doméstica.
- O QUÊ??
- Ok, pronto, escritora.
- Ah, bom!
(a menos que quisesse pôr blogger - ele detesta que eu me refira como blogger, só aceita porque ao fim de sete anos, já me dá direito a tal epíteto, não é "coisa de moda, todos são bloggers agora...")
- É escritora, só não está publicada porque é teimosa.
Saiu, apagou a luz fechei os olhos e adormeci.
Só agora quando me lembro é que me dá vontade e rir. O gajo não desiste. Há-de ir p'á cova (cruzes canhoto!) a dizer que a mulher é uma xóninhas, uma mariquinhas porque tem medo 'não sei de quê', e não aproveita o dom que tem.
Ok, se agora é oficial, não tenho grande remédio...
...a ver, a ver... (leia-se à ber, à ber, é assim a modos que espanholado, perdão, acastelhanado...)