OE, ou a procissão que se inicia. Repito: SE INICIA...
Toda a gente fala do orçamento, por isso eu TAMBÉM quero falar. Mas pouco, que já estou farta, mas tão farta, tão farta, tão farta desta merd@ toda que diminuí a minha capacidade de concentração no assunto para uns parcos 10%. Já que tenho de conseguir viver com as decisões daquelas cabeças-pensantes-dizem-eles, ainda que pensem na posição da bandeira, mal por mal, não quero 'sofrer por antecipação'.
Vamos para a rua?
Bora.
Que eu estou tão insatisfeita como toda a franja de portugueses a que ainda pertenço - aqueles que estão agarradinhos aos últimos cadilhos da classe média, mesmo mesmo mesmo a estatelar-nos na nova baixa.
A média-baixa a resvalar para perder a palavra antes do hífen.
Conheço, um caso em €15 euros no salário bruto que vão custar uma perda efetiva (leia-se líquida) superior a 10 vezes esse valor. E estamos a falar da nova franja dos mileuristas. Com ou sem família a cargo, agregados com um ou dois a trabalharem, em que se segura o mileurismo entre os dentes, agarradinhos à contagem das moedas pretas, mesmo, mesmo prestes a passar aos três dígitos.
Se ELES, imoralmente, renovam frotas automóveis, e demais pomposidades dementes, tanto me dá. Pois que vivam com as suas prioridades TÃO portuguesas e poucochinhas - em que por baixo do fato Dior vestem uma roupa interior esburacada, mas tant pis, que ninguém vê!... - já que numa situação como a nossa, a frota automóvel daqueles filhos da put@ é amendoins em comparação com tudo o resto. Juntem-lhes as Fundações que levaram uma palmadinha no pulso e as outras que nem isso, e não tarda temos um alguidar, mas ainda assim, de amendoins.
O fundo da questão, mesmo o importante, ainda não vi nem ouvi, nesses pomposos senhores da nação que apontam dedos e aventam teorias interessantes, tratado da forma que merece.
Nem vou ver.
Porque essas pessoas, da estratosfera onde se encontram - todos, os detentores do poder vigente, oposição, comentadores, e demais compadrio! - sofrem da fobia que um amigo meu sentia quando entrava num transporte público, há tempos idos de idiotas pós adolescentes em que mastigava um nauseado
'argh, povo!...'
Pois é esse povo que está já a deixar de pagar as contas básicas, e-seja-o-que-deus-quiser, e que anda aos trambolhões a tentar sobreviver entre as prestações, as contas, as despesas a que tem de fazer face, e os apoios, subsídios e afins que não pode pedir porque o escalão (palavrão papão novo) em que se encaixa, ao mesmo tempo que põe a necessidade cada vez mais perto, afasta na mesma medida a hipótese de o pedir.
A solução?
Se calhar, o povo de um país em peso a entrar em incumprimento pessoal, a abrir insolvencias particulares em catadupa, a largar os empregos em que, feitas as contas, trazem para casa pouco mais que a capitação que dá acesso aos subsídios de inserção, aos descontos nos passes dos filhos, aos abonos de familia, às SASEs, e a engrossar as fileiras dos que assim fazem.
Mas depressa, antes que fechem, também, essa torneira, e comecem a varrer a classe baixa (essa que neste momento sorri, regalada por ver o vizinho que até tinha os dois filhos na faculdade a ter a luz cortada, e a desligar o cabo), para uma vala comum.
Que nesta guerra que os Cabeças Pensantes deste país travam, não há lugar para prisioneiros.
E, desculpem lá, mas diz a menina que só está com 10% da atenção presa na política e em quem a faz, mais naquela coisa a que chama Economia, e que não faz sentido nenhum (e porque faria?),
esta procissão ainda está a começar a sair do adro da igreja...