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Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

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Ter | 12.03.13

As Biberettes e a falta de memória de tantos pais...

Fátima Bento

Muito tenho lido sobre as teenagers acampadas à porta do Pavilhão Atlântico. Mas só que o que eu acho mais interessante é a reação de tantos pais, que salvo raríssimas exceções, vem de pais/mães com crianças (muito) pequenas que seguem a tabela-tipo de 'eu faço(zia) e eu aconteço(cia)', não faltando a máxima '...ai se fosse minha filha...'

Ah!

{Em primeiro lugar, abro uma exceção àquela criança de 16 anos que tinha 5 tatuagens do Justin Bieber. É. sem dúvida, um caso patológico. Mas parece-me bem que a patologia vem mais dos ascendentes que da descendente.

MAS QUEM, EM SEU SÃO JUÍZO, DÁ AUTORIZAÇÃO

- CINCO AUTORIZAÇÕES! -

PARA MARCAR INDELÉVELMENTE O CORPO COM O NOME DE ALGUÉM

QUE, NÃO TARDA, NÃO É NINGUÉM??

Há duas hipóteses: segundo a lei, os pais têm de dar autorização, mas há formas de de dar a volta à coisa.

{Isto é um suponhamos}

Então, estou sentada na sala e a minha filha entra e: olha, fiz isto, diz estendendo o braço gravado pela primeira vez. 

Primeira reação:

1. Cai-me o queixo;

2. Entro em choque;

3. Não consigo pensar;

Mas acho que a seguir a conseguir apanhar os meus berlindes todos do chão, agrrava na pequena e marcava uma consulta num dermatologista. E forçava, tanto quanto possível, uma amostra da remoção da mesma por laser. Só um saborzinho. Até lhe pagava o retoque 'daquela merd@', se ficasse estragada. Mas havia de fica a ruminar no que havia de passar. Provávelmente não teria chegado às cinco tatuagens...}

 

Agora quanto ao acampamento junto ao Pavilhão Atlântico:

NADA contra;

TUDO a favor.

Há coisas que têm de ser vividas com toda a intensidade. Toda e mais alguma, são memórias para o resto da vida.

Domingos Amaral no seu post sobre o tema acerta na cabeça do prego. Só há uma coisa que me deixa admirada:  eu e o D.A. temos  a mesma idade.

Por isso, confunde-me quando diz

"Quando eu era mais novo e adolescente, é evidente que gostava muito de ir a concertos e fui a imensos. Mas, nunca fui um fã incondicional de nenhum grupo ou cantor. Nunca fui daqueles que ia na véspera para a porta dos concertos, nem que ia para a fila para comprar bilhetes logo às primeiras horas, essas coisas que os fãs fazem. Muito menos ir esperar os cantores ao aeroporto!" 

Presumo que os concertos a que D.A. se refere sejam ou fora-de-portas, ou de grupos portugueses (e eu bem sei que nenhum dos grupos nacionais da altura tendia a levar ninguém à histeria, ou a uma fanzisse obcecada). PORQUE, se bem me lembro, para cá vir ALGUÉM de renome, era um castigo! Nem esta geração faz a mínima ideia do que era difícil conseguir ver os grupos de que gostávamos.

Tive o imenso privilégio de ir ver o meu grupo favorito do qual era-o-equivalente-ao-que-as-bieberettes-são-hoje, sem lata para tanto, mas num frenesi danado. Eram os Duran-Duran - o Simon LeBon (que ainda hoje canta mal) e o John Taylor, mais os outros três. O meu paizinho levou-nos (a mim e a quem mais coube na carroça) até ao Dramático de Cascais e aguardou no carro o final do concerto. Idem para os Spandau Ballet (e mais tarde para as exibições de Ivan Lendl e de John MacEnroe, mas nesse caso, assisti sozinha). Sei que cá vieram mais dois ou três nomes maiores, ao estádio de Alvalade, e acabei por ver o Roberto Carlos aí, da primeira vez que o vi ao vivo (penso que foi o meu primeiro concerto à seria). De resto, Portugal era O deserto. Ninguém sequer sabia onde isto era, quanto mais cá queria vir!

Por isso, é impensável fazer comparações. 

Também não imagino, na minha adolescência, o mise-en-scéne do lançamento das obras Potter da Rowling, e de jogos para PC ou consolas, que

EU ACHO QUE SIM

que é de estar presente. Fica no álbum das recordações, sem sequer ser preciso sacar da maquina fotográfica ou do telemóvel.

Por isso aos velhos e velhas do Restelo que "nunca jamais em tempo algum" deixariam as descendentes acampar à porta do Atlantico, um conselho: uma redoma de vidro. Ou uma bolha. 

É mais facil e dá menos trabalho aos pais, que assim não têm que de quando em vez levar comida, roupa, e verificar se está tudo 'nos conformes'.

Sim, que isto de à vontade não foi, nem é, à vontadinha...

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