Os meus fins de semana são uma animação....
As segundas-feiras são, para mim, o dia mais bazaruco da semana. Desde sempre, mas agora então, às segundas estou com-ple-ta-men-te apanhadinha. Só quero que me deixem em casa a trabalhar com as costas: roçá-las nas paredes, encostá-las no sofá, esparramá-las no colchão... estão a ver a coisa.
Os fins de semana nunca foram uma coisa muito entusiasmente, mas agora, ainda pior: sábado, dilema: passo umas horas - como de costume - com o pai no HGO, ou passo mais tempo com o marido em casa? Na segunda hipótese, vou ao hospital, levo o jantar de casa para não ter de esperar pelo do hospital, deixo-o comer, dou-lhe os medicamentos que as enfermeiras entretanto me vêm entragar para ele tomar logo a seguir, dou-lhe-um-beijinho-e-até-amanhã e zuut.
Domingo.
Levo o almoço, quanto mais não seja porque ganho uns minutos. saímos daqui ao meio dia e um quarto, meio dia e vinte, repete-se a rapidez do jantar da véspera, porque à uma hora é o almoço semanal de família (e não conseguimos chegar a horas...). E depois, digo ao pai, olha, logo à noite não posso vir dar-te o jantar que é para estar com o Vitor e o Tomás, vais ter de pedir às senhoras para te ajudarem. Dou-lhe-um-beijinho-e-até-amanhã e zuut.
Depois disto tudo,
Segunda
(paz, please, paz)
Ao entrar na unidade, cruzo-me com uma enfermeira que me diz: o seu pai hoje está muito 'zangado'.
Mal chego ao pé dele apercebo-me do teor da zanga: tinha 'levantado voo', e estava, mais uma vez a alucinar.
(isto vai soar mal mas penso: boa, MESMO o que me faltava...)
A partir daqui segue-se o jogo apanha-me se puderes: ele fala, eu tento entender e situar, o que diz, tento chegar ao "local" de onde ele 'está', e trato de o puxar para a minha realidade. De inicio é extenuante, mas depois ele vai ficando cada vez mais no AQUI, e eu lá descanso entre as paavras que leio, e as que uso para lhe responder.
Vem o jantar, janta relaxado, dou-lhe a medicação, e venho-me embora com calma.
E pronto, hoje é terça. Aqui vou eu.