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Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Ter | 24.09.13

Organizem-se, estabeleçam prioridades e acordem, c@r@...o!

Fátima Bento

...eu diria que andam a gozar connosco (portugueses), se eu acreditasse que eles (políticos) fazem assim uma mínima das mais mínimas ideias do que fazem (ou sequer, se pensam).

[e já agora um aparte: bela oposição que temos, em que o presidente da CDU vem a publico e discursa que 'ainda nem pagámos a dívida que contraímos e já falam em pedir um segundo resgate' - é de mim, ou SE (um se com muitas reticências, como não podia deixar de ser...) a tivéssemos pago não se punha SEQUER A HIPÓTESE do tal segundo resgate? Mas isto sou eu a falar, que não percebo nada de política...]

Ia eu a dizer, antes do duplo parêntesis, que as reuniões deste governo devem ser pontuadas de idas à casa de banho ou à máquina de café, e de cada vez que um volta à mesa traz com ele uma ideia mirabolante e/ou estrambólica, que não tem nada a ver com o que quer que seja. Estou mesmo a vê-los a apostarem entre eles quem se vai sair com a maior e mais estapafúrdia, de tal modo que vai passar a lei. Porque esse parece ser o único critério a que obedecem.

OU ENTÃO andam a espreitar dossiers antigos, e a desencantar ideias de outros e a chamar-lhes suas, ideias que OU nasceram noutro contexto em que fariam algum sentido, ou muito antes pelo contrário, e por isso ficaram lá: no papel.

Falo, e podem começar a apedrejar, que eu sei que esta minha tomada de posição não será de todo pacifica, desta notícia (cliquem na foto para a ler):

Gente indignada que grita "Pois, dizes isso porque os teus filhos já são crescidos e ainda por cima, deves ter a memória curta":
ÓY!
...fáchavor!
Toda esta boa vontade salta da cartola NA SEMANA DAS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS, barómetro reconhecido da ação governativa?
- Coincidência? Ná! ...eu é que sou má lingua...! -

"(...)Uma mãe ou pai pode vir mais cedo para casa, pode eventualmente vir a trabalhar apenas meio dia que o Estado suporta o restante. Contamos que esta medida esteja totalmente implementada no próximo quadro comunitário 2014-2020"

diz Pedro Mota Soares. E onde vai o Estado buscar esse dinheiro? Ocorre-me imediatamente que seria (não fora o contorno completamente absurdo da proposta), para não variar, à Função Publica no activo (cada vez em menor número, pelo que qualquer dia já nem chegam para o gasto-em-cortes) e, melhor ainda (até os caninos lhes brilham no escuro!) nos pensionistas do Estado, mas só nas pensões mais baixas, senão perde a piada. 
E a malfadada Troika, entre o Pedrinho (Mota Soares) ter fechado a braguilha e puxado a água, foi consultada?
Se nos reportarmos à Constituição Portuguesa - coisa de somenos, como todos sabemos - esta estória do Estado complementar ordenados cai por terra. Qual é o país da Europa onde tal vigora? Onde diacho há uma Constituição que permita tamanha promiscuidade legal?
A ser, a coisa seria assim: SE os pais trabalhassem em part-time - o que só por si já era ótimo, uma vez que desde que me lembro, só não há mais quem o faça porque não são disponibilizadas posições em part-time à cabazada - aufeririam o rendimento mensal correspondente. DEPOIS, se achasse por bem, O ESTADO PODERIA PROPOR À AR a criação de um subsídio complementar de que os pais que optassem pela redução de horário poderiam auferir se cumprissem determinados requisitos - e a ser criado tal isso (que não vai passar os domínios da ficção, como veremos), esses requisitos seriam dentro da fasquia do passe estudante, dos abonos de família, em que quem receba um cêntimo acima de equivalente ao RSI (ou o que lhe chamam agora), ou valor mais ou menos equivalente, NÃO TERIA DIREITO. Depois essa proposta seria votada pela AR, e iria ao crivo do PR, que vetaria ou votaria favoravelmente. E se tudo, tudo passasse com luz verde, então seria publicado em Diário da República e SÓ ENTÃO os interessados poderiam apresentar candidatura, depois de embranquecerem mais uns tufos de cabelo (se ainda tivessem algum), de volta de uma calculadora.
MAS, apesar deste cogumelo brotar inesperadamente SEIS DIAS ANTES DE SERMOS CHAMADOS ÀS URNAS, a verdade é que P.M.Soares não está a mentir: "Contamos que esta medida esteja totalmente implementada no próximo quadro comunitário 2014-2020" (sic). Ou seja, estão "safados" até 30 de dezembro de 2020. Mau, mau mesmo é se não o implementam no 31 desse mês desse ano. Aí sim, e só aí, lhes podemos chamar ALDRABÕES, com todas as letrinhas.
Agora a sério.
Para os mais distraídos, a verdade é que
estamos MESMO em recessão.
O outro Pedrito, o Coelho, pode vir dizer que tivemos uma 'subida das receitas' e uma 'quebra nos números do desemprego' - SE UM PAÍS VOLTADO PARA O TURISMO COMO O NOSSO NÃO TIVESSE ESSE RESULTADO NO PICO DE VERÃO, estávamos bem arranjados. E os idiotas AINDA NÃO PERCEBERAM - tadinhos! - que se tivessem BAIXADO O IVA À RESTAURAÇÃO e afinzes, tinham aumentado as receitas, e consequentemente, o PIB... mas "abençoados os pobres de espírito que é deles o Reino dos Céus", já lá dizia o Outro...
Mas a verdade é que, mal as temperaturas baixem, vamos olhar em volta e ver que o buraco aumentou.
Exponencialmente.
Eu, que não sou gaja de me passear em Centros Comerciais, onde só vou quando tenho mesmo de fazer alguma coisa lá dentro, qualquer dia tenho de fazer como a outra e colocar um calmante debaixo da língua antes de entrar no elevador: o número de lojas fechadas é desolador. E de cada vez que lá (e lá, é a qualquer um dos que frequento, aqui o Rio Sul ou o Almada Fórum) vou são mais.
Então, ó senhores, como é que depois de terem "cortado" o direito ao abono de família e subsidio de apoio ao estudo (não sei o nome certo, mas também não interessa nada) a eito - que quem se lixou foi, como de costume, o mexilhão - querem passar a PAGAR aos pais PARA FICAREM EM CASA????
Desculpem, mas isto faz sentido para alguém??????
Ainda à pouco tempo era suposto trabalhar mais tempo pelo mesmo (mesmo? aonde?) salário. Agora, 'bora lá gozar os dividendos do país rico que somos e pôr os portugueses a fazer filhos.
Para quê?
Então está-se mesmo a ver: para emigrarem. Esta geração está fadada: a minha mais velha já está, e o mais novo há-de  estar mal acabe o 12º ano. A geração que está agora a surgir vai levar com a herança de uma dívida que, a ser gerida como está, os vai empurrar, ainda (e sem qualquer sombra de dúvida), para além fronteiras.
O que vale é que nós até nem somos (só) portugueses: somos Europeus. Enquanto não levarmos com as fronteiras nas trombas, podemos movimentar-nos no espaço Schengen com relativa à vontade. 
Vamos esperar que assim continue a ser para podermos acreditar que os meninos e meninas que fizermos agora, vão ter um futuro razoável.
E de caminho, deixemo-nos de palermices em que só quem anda a dormir acredita.
Wake up and smell the coffee, portugueses.
... JÁ VAI SENDO ALTURA...