Ai, o Natal!
E depois, as coisas mudaram.
Ainda por cima, quem comigo passa o natal é assim entusiasta: 'prendas para quê, não quero cá prendas'; 'árvore de Natal? quero cá a casa atravancada, é só o trabalho de a ir buscar à arrecadação e voltar a pôr no lugar'... yada,yada,yada... a ceia de natal vai ser, este ano como nos anteriores, cá em casa (se não, ainda consegue ser MAIS deprimente). É a tradição do costume, as receitas do costume, só varia a sobremesa, que ainda não decidi qual vai ser.
Este domingo é dia 1, dia de decorar a árvore. O meu filho fica todo aborrecido se não a fizermos (como ficou todo aborrecido no ano em que não havia calendário do advento com chocolates logo no dia 1 - este ano já há!) mas na volta tenho de a fazer sozinha com a minha cara metade, que filhos, népia. Uma, a minha companheira natalícia, está longe (e eu hoje estou prontinha a estilhaçar, por isso nem vou dizer mais nada, nem falar em saudades, nem essas coisas), o outro, se tiver qualquer outra coisa mais interessante para fazer, fá-la-há.
A ver se me ponho no espírito, Dianna Krall e Bublé, mais os respetivos álbuns de carrols a tocar, chá e, como ainda devo ir ao IKEA antes, compro mais 6 caracóis de canela para fazer para o lanche (sim gente-prendada-e-dada-a-fazer-tudo-na-cozinha-a-partir-do-nada, vou comprar cinnamon rolls CONGELADOS), agarro nas três caixas de enfeites (e aproveito para despachar os que já não me interessam), e fazemos a decoração natalícia seguida de lanche quentinho.
Depois, bom, a ceia é o stress do costume: 'ó Fátima eu não tenho tempo'... ó Fátima isto, ó Fátima aquilo', eu e o Vítor preparamos desde a paparoca até à mesa, os outros chegam, sentam-se e comem, e às dez e meia , onze horas começam a desembrulhar-se os presentes, porque os restantes estão sempre cheios de pressa. E palpita-me que este ano vamos ser só 6 pessoas... vamos a ver.
Eu, quanto às prendas, já não me queixo, neste momento tenho tudo o que queria (tanto, que não consegui ainda "arranjar" as cinco coisas que o sapo nos desafia a pedir...). Já o ano passado, no Natal recebi... uma caneca. Ah, e uma caixa de bombons. este ano espero ter mais quaisquer coisas debaixo da árvore - pelo menos do marido, já que o ano passado, por contenção, não demos nada um ao outro, mas serviu de emenda: toda a gente tem de ter uma surpresa de cada um debaixo da árvore.
Se estou ansiosa pelo natal? Não.
Estou ansiosa por Fevereiro: no inicio temos o Bublé, e no meio, se tudo correr nos conformes, iremos a Londres.
Tenho tanta pressa que o Natal chegue
como aguardo ansiosamente uma dor-de-cabeça.
SE EU PUDESSE, metia-me não sei onde e só voltava em 2014. O Vítor era bem vindo, e coiso, mas de resto, ermitagem, que não ando com pachorra para esta gente que se agarra às desgraças com unhas e dentes, e quase que faz concursos "eu-sou-mais-desgraçada-que-tu", "o-meu-problema-é-maior-que o teu", "a-minha-doença-mais-grave-que-a-tua", e por aí afora. Só de ouvir (que nessas conversas não me meto) fico doente...
O que eu não dava por uma casa cheia de gente, barulho e confusão por forma ao agradável tornar o aborrecido inaudível!
Bem sei, lá está ela a ver tudo negro. Mas é que os últimos anos têm sido assim. E a coisa não tem tendência a melhorar. O natal é cada vez mais encarado como uma obrigação para todos e eu estou farta de ser a pateta alegre.
Por isso, sim, já falta menos de um mês, pois falta.
Querem que eu faça um BIG sorriso e bata palminhas?
Esperem sentadinhos.