O livro do ano!
Fan-tás-ti-co.
Recomendo vivamente.
E sim, eu sei que a maior parte dos meus leitores (eu sorrio sempre quando escrevo esta frase… leitores! Acho que vou ter de crescer um bocadinho antes de ter disso…) já ouviu falar nessa coisa chamada ‘Movimento Slow’. Quem lê um bocadito de imprensa já tropeçou algures num artigo sobre o mesmo. Se está na moda? Aparentemente está. Se vale a pena estar na moda? Sem dúvida. Se ‘temos’ que importar e adoptar tantos hábitos e costumes parvos e sem sentido, sem pensar nem questionar muito, este é um movimento que está onde está por mérito próprio.
O ‘Movimento Slow’, como o próprio nome indica, defende o 'desaceleramento' em todos os campos da nossa vida, desde o trabalho, sexo, comida… faz-nos pensar. E pensar, só por si, implica abrandarmos um bocadinho, ou mesmo parar. Eu tenho lido o livro nos transportes, e cada dia me vejo menos impaciente (apesar de nunca me ter ser muito difícil pôr as coisas em perspectiva, há alturas em que pura e simplesmente não consigo - e é precisamente nessas alturas que sei que devo tomar uma decisão para mudar as coisas, dou um passo atrás e tento ver as coisas de fora. Posso demorar dois ou três dias a conseguir ver o quadro todo, mas chego lá. E o que pode parecer uma perda de tempo à primeira vista, já me poupou imensos desperdicios do mesmo a medio e longo prazo).
Curiosamente, o primeiro sinal de que o livro estava a ‘deixar rasto’ no meu subconsciente deu-se quando dei comigo a baixar sistematicamente o volume do Mp3, até que ontem quando vinha do trabalho, lancei mão (ou dedo, para ser mais precisa…) do botão do volume, e, ZUT, o som desapareceu. Tinha passado para o zero, e nem tinha dado por estar no um… isto num autocarro com gente a conversar, e com o motor, obviamente, ligado. E eu ia a ouvir musica, juro!
Mas isso sou eu.
De qualquer maneira, não acredito que qualquer pessoa que leia o livro com um mínimo de atenção - e, claro, sem pressa - não mude qualquer coisa, mesmo sem dar por isso. E o que se ganha em qualidade de vida por abrandar, não tem preço. Mas não quero ser mais papista que o papa, por isso leiam. O livro não tem nada de New Age, cristais, incensos e afins, embora faça menção a algumas dessas filosofias (sendo o sexo tântrico incontornável, por exemplo), nem, como não podia deixar de ser, promete nada. A grande virtude de Carl Honoré é precisamente a de nos querer fazer (re)pensar os nossos gestos mais habituais e costumeiros, os nossos cliques… e atenção, na vinheta da contra capa, num pequeníssimo perfil do autor, lê-se: “ Quando recolhia informação para este livro em Itália, foi multado por excesso de velocidade”. portanto aqui não há gurus: estamos todos, a começar pelo autor, a fazer uma viagem à procura do mesmo: alguma paz interior, no caos que constitui os dias de hoje.
E isso é possível. A sério.
Por isso, se ainda falta(m) comprar a(s) última(s) prendas, não hesitem: mas já agora, que seja para alguém especial. Uma jóia deste calibre não se oferece a ‘qualquer um’… Ofereça a si mesmo: como diz o anuncio, ‘porque você merece!’
Feliz Natal (a ver se isto assim anima, qu’ais Natal qu’ais quê, acho que este ano foi tudo atrás dos tri-glicéridos, e do ‘ninguém me pode obrigar’… é Natal, c’um raio, e embora com tanta coisa difícil e triste, será que não podemos “count our blessings” - porque será que isto soa tão mal em português? - e ficarmos um bocadinho mais, como direi… natalinos? Oh portugueses, sempre imóveis a contemplar o buraco em vez de tentar encontrar uma forma de contorná-lo…) Beijinhos com lacinhos,
Fátima
P.S. Se quiserem espreitar a pagina do autor, é: Http://www.inpraiseofslow.com