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Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Diário de uma "dona de casa" 2.0

... à beira de um colapso

Seg | 18.12.06

A decisão do ano...

Fátima Bento

E como eu dizia dois posts atrás, tenho ganho muito com as minhas ‘paragens’ a médio e longo prazo. Um exemplo? Bom, este não é um exemplo, é O exemplo por excelência: congelei a minha matricula no Ispa na passada segunda feira ( pois, até parece que isto anda desfazadito, mas a verdade é que eu tenho andado a marinar  tema desde que tomei a decisão, e posteriormente a efectivei).

 

Sabem o que a minha avó me dizia - e a vossa mãezinha ou avozinha também tenho a certeza - a respeito de deixar sempre a casa arrumada antes de ir de viagem? Sabes como sais de casa mas não sabes quando entras… e eu ripostava sempre que horror, coisa mais macabra, vá de retro… Pois é, a minha avó tinha razão: e a verdade é que nesta viagem eu entrei de cabeça, e não pensei em “arrumar a casa”.

 

(vou fazer aqui um parêntesis: a minha ida para a faculdade não foi realmente planeada: quando me informei sobre as candidaturas elas estavam não só a decorrerem como quase a terminar, vai daí eu candidatei-me, e 18 dias depois estava no Ensino Superior… Digamos que entre a euforia do “ENTREEEI!!!!”, as férias da família, o regresso às aulas dos putos, o meu inicio de aulas, e a ida e vinda a Paris, não houve realmente tempo de “arrumar a casa”…)

 

E para ajudar à festa, tantos anos depois de ter hábitos de estudo organizado, levo com o implemento de Bolonha, a ferro e fogo sem anestesia, ’bora comprimir cinco anos em três, não sabemos bem como mas ‘buga lá experimentar… como eu disse a uma fantástica professora minha, o que vemos nos corredores não são alunos: são ratinhos brancos, a maior parte de olhos vermelhos.

 

E depois, a família: devotei qualquer coisa como dezasseis anos da minha vida aos meus filhos, não era possível virar costas e sair porta fora de manhã para a abrir ao fim do dia sem sucumbir ao caos físico e emocional de todos (eu inclusive), e à falta de paciência para ouvir os dramas e vitórias de todos os dias… mainly devido a tudo o que havia para arrumar, organizar e planear, mas que à falta de saber por onde começar, amontoava e formava uma bola de neve que, à conta de não ser travada, nos ia arrastar a todos.

 

Juntem a isto um senhor chamado Paul Ricoeur, e têm o quadro (tão) completo (quanto possível).

 

Depois de três ou quatro dias a remoer, com a cabeça a cem à hora e o coração quase parado, à espera de abarcar o quadro todo, tinha de tomar uma decisão. Foi quando me ouvi dizer quem me dera poder voltar atrás e começar tudo outra vez que, SNAP, me apercebi de que isso era possível. E de que, ter a licenciatura aos 42, 43 ou 44 anos, seria exactamente igual.

 

No rescaldo, poupei uma hiper dose de loucura colectiva aquando das frequências de final de Janeiro, e, eventualmente, uma pipa de massa de propinas…

 

E ganhei uns meses para arrumar a casa, para em Setembro não entrarmos em parafuso outra vez.

 

No balanço final, a verdade é que valeu mesmo a pena desacelerar.

Beijinhos com lacinhos,

Fátima

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