Geração "tenho-tudo-e-não-preciso-de-mais-nada"
Este Natal vai entrar para o ranking dos Natais-mais-estranhos, arrebatando assim sem qualquer dificuldade, o primeiro lugar.
É que está oficialmente aberta a estação do “o-que-é-que-os-teus-filhos/sobrinhos/netos-querem-receber-este-Natal”? E o nosso bem-educado “não sei…” este ano, e depois de inquiridos os interessados, é substituído por um “nada”.
A primeira vez que ouvi tal isso foi da boca da minha pikena, por altura do aniversário, porque não precisava de nada e já sabia que gostávamos muito dela, por isso era melhor pouparmos os neurónios e os euros (!!!!!!)
Agora a cena repetiu-se, com a filha da minha cunhada: “olha lá, o que é queres para o Natal?” “Nada. Já tenho tudo! Vê lá, tenho computador, PS2, televisão no quarto, jogos não vale a pena que eu não jogo, só me falta mesmo a Internet, mas isso não és tu que vais dar, por isso, nada. Quem me quiser dar prenda pode dar dinheiro…”
Tunga, arremata-se assim o assunto!
Eu pertenço àquela classe de pessoas que acham que no Natal não se dá dinheiro, que é impessoal e preguiçoso, mas este ano parece não haver outra hipótese.
É caso para perguntar, o que é que nós andamos para aqui a fazer… ter tudo não deveria ser uma constatação em si, devia ser quando muito, um desejo. E agora criámos uma geração que exibe com gosto a incapacidade de ansiar por algo, numa palavra, de sonhar.
Desculpem lá, mas isto não é normal…
Quanto aos meus infantes, e bem vistas as coisas, tirando os inevitáveis e incontornáveis jogos para o Tomás – para a Playstation, a Wii ou a Nintendo DS – não há muito por onde fugir. Eu consigo dar sempre a volta ao miolo (e - palmadinha nas costas - este ano não foi excepção ), mas vai ficando cada vez mais difícil. Já nem consigo imaginar o Natal do próximo ano…
Ando para aqui a apregoar que nunca na vida receberam tantas cuecas/boxers e meias como vão desembrulhar este ano (ao que a Inês atira um descorçoante “não faz mal desde que sejam giras…"), com os derradeiros possíveis presentes bem escondidos.
Opções para quem já tem tudo:
Um livro: o problema é que esta gente não lê…
Um CD: quem é que quer Cd´s quando se tem MP3…
Um filme: se quiser mesmo, já têm. E viva o e-mule e os desencriptadores…
Roupa: o dinheiro previne que não se goste do que dão…
Material escolar: material O QUÊ????
Acessórios: aplica-se o mesmo que à roupa…
Telemóvel: pode ser a solução. Há sempre um modelo novo com mais funções acabadinho de sair;
MP3: como o telemóvel: com sorte, pode ser que precisem de um novo, com maior capacidade, e tal. Problema: no ano seguinte só lá vai de I-Pod de grande capacidade para cima…
Pesquisar interesses pessoais, e dar-lhe algo relacionado. Por exemplo, a um estudante de Ates, um livro dentro do tema; vouchers: para exposições nos principais museus, para peças de teatro… (esta é a minha opção favorita)
E mais não digo, que estou a ficar sem ideias. Há sempre os sacrossantos bombons. E para quem está mais longe, um chocogram é uma excelente opção (e já agora, para quem está perto também…)
Bom, me voy mas eu volto, e volto ao assunto. A ver se consigo dar sugestões de presentes para a família… vou pensar nisso…
B’jinhos,
Fátima
P.S: Ah-ah! Já acabei as compras de Natal! Ainda não fiz foi os embrulhos... E a Santa Sogra vai levar os Ferreros sim senhora !